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Embrapa inaugura escritório em Caracas
Acordos visam diminuir a dependência venezuelana de importados; país sofre escassez de alimentos
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Autoridades brasileiras e venezuelanas inauguraram ontem em Caracas escritórios da
Embrapa (Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária) e da
ABDI (Agência Brasileira de
Desenvolvimento Industrial),
com o objetivo principal de
transferir tecnologia a projetos
estatais e, assim, diminuir a
enorme dependência da Venezuela de produtos importados.
"A articulação com a capacidade produtiva e científica do
Brasil vai nos permitir, num
prazo médio, que a geração futura tenha um país com segurança alimentar", disse o chanceler Nicolás Maduro.
Segundo o presidente da Embrapa, Silvio Crestana, há um
plano de trabalho para os próximos dois anos envolvendo
áreas como agricultura familiar
e pecuária. O escritório funcionará numa sala do Inia (Instituto Nacional de Investigações
Agrícolas).
Já a primeira representação
da ABDI no exterior funcionará
no prédio do Milco ( Ministério
do Poder Popular para as Indústrias Leves e Comércio). A
abertura dos dois escritórios foi
acertada na última visita do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva a Caracas, em dezembro.
Embora não haja estudos recentes, existe uma estimativa
de que a Venezuela importa ao
menos 70% de seu consumo total de alimentos primários e industrializados. Há mais de um
ano o país tem sofrido desabastecimento de produtos como
leite e ovos devido à ineficiente
produção interna, à política de
congelamento de preços e ao
aumento do consumo nas camadas mais pobres, entre outros fatores.
O Brasil tem sido um dos países mais beneficiados pela tradicional "economia de portos"
venezuelana, dependente da
importação financiada pelo petróleo e aprofundada sob o governo Chávez. Desde que ele
chegou ao poder, as vendas brasileiras aumentaram 780%
-de US$ 536,7 milhões, em
1999, para US$ 4,7 bilhões no
ano passado, segundo o Ministério do Desenvolvimento.
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