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Bolívia detém três suspeitos de tráfico de crianças do Haiti
Grupo de haitianos chegou ao país com 27 crianças, todas sem permissão dos pais
Um casal de haitianos e uma boliviana estão detidos; de acordo com o Ministério Público boliviano, Brasil era escala final do esquema
DA REDAÇÃO
Dois meses após o terremoto
que devastou o Haiti, autoridades da Bolívia prenderam três
suspeitos de tráfico e exploração de crianças haitianas, participantes de suposto esquema
que teria o Brasil como destino.
Um casal de haitianos e uma
boliviana estão detidos desde o
último sábado em Santa Cruz
(leste da Bolívia), acusados pelo
Ministério Público local de tráfico humano para exploração
sexual e laboral.
Os haitianos suspeitos integravam um grupo de 74 nativos
do país caribenho que chegou à
Bolívia em 27 de janeiro, procedente do Peru. Nesse grupo estavam 27 crianças de 6 a 17
anos, todas sem autorização
dos pais para viajar.
O grupo obteve vistos de turista de um mês, mas a falta de
documentação das crianças
chamou a atenção do órgão local de defesa da infância.
Segundo a promotora Pura
Cuéllar, uma criança contou
que seu pai havia recebido dinheiro do suposto líder do grupo. A suspeita de tráfico foi
confirmada pelo depoimento
de uma haitiana que foi à Bolívia para tentar reaver o filho.
Os haitianos suspeitos foram
detidos após a expiração de
seus vistos. A boliviana foi presa porque, segundo a Promotoria, não soube explicar a procedência de três adolescentes
haitianas que mantinha consigo. Os outros 45 adultos do grupo estão proibidos de deixar a
Bolívia até o fim das apurações.
Cuéllar afirmou à agência Associated Press que o destino final do grupo era o Brasil. A Folha tentou localizá-la ontem,
mas a informação no Ministério Público era que ela estava
em licença médica e ninguém
falaria sobre o caso.
Das 27 crianças do grupo, 21
foram localizadas por autoridades bolivianas. Ficarão sob custódia estatal até que sejam reivindicadas pelos pais ou até o
esclarecimento da situação pelo governo do Haiti. As outras
seis crianças são procuradas.
Há versões divergentes sobre
a chegada do grupo à Bolívia.
Registros de migração apontam saída do Haiti dias antes do
terremoto de 12 de janeiro, mas
crianças ouvidas pela Promotoria disseram ter deixado o país
após o abalo. O grupo passou
antes por República Dominicana, Panamá e Peru.
O Unicef (Fundo das Nações
Unidas para a Infância) na Bolívia acompanha o caso e enviou
pedido de informações ao Haiti, ainda sem resposta.
O caso de tráfico de crianças
não seria o único no Haiti pós-tremor. Após mais de um mês
detida no Haiti, a penúltima de
dez missionários americanos
presos sob suspeita de tráfico
de 33 crianças do país foi solta
na noite do dia 8. O grupo foi
preso ao tentar levar 33 crianças supostamente órfãs do Haiti para a República Dominicana
sem documentos necessários.
A líder continua presa.
Com agências internacionais
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