São Paulo, sexta-feira, 11 de março de 2011

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Bengalis se desesperam em campo na Tunísia

Eles reclamam de falta de comida e de água e dizem que voos de repatriação pararam

SAMY ADGHIRNI
ENVIADO A RAS JEDIR (TUNÍSIA)

Nervosismo e confusão se espalharam ontem pelo campo onde estão abrigados milhares de trabalhadores estrangeiros que fugiram da Líbia e esperam em solo tunisiano a repatriação.
Contingente mais numeroso e que está há mais tempo no campo, centenas de cidadãos de Bangladesh protestaram contra a dificuldade de conseguir comida, em meio ao esgotamento físico e mental generalizado que atinge até equipes de apoio.
Bengalis formaram vários grupos que caminhavam pela areia, levantando nuvens de poeira, aos gritos de "queremos comida e água" e "queremos voltar para casa".
Muitos improvisaram cartazes onde escreveram suas reivindicações em inglês precário, num claro apelo à comunidade internacional.
Pessoas que estavam havia horas nos escassos pontos de distribuição de comida saíam das filas para aderir aos protestos. Em contraste com as filas que davam voltas pelo campo e claramente não andavam, a Folha viu enormes quantidades de massa, legumes, bebidas e enlatados em barracas de organismos internacionais.
Soldados e ONGs pediam paciência aos manifestantes, argumentando que ninguém poderia prever tamanho fluxo (há 15 mil pessoas lá).
"Não como há três dias e há pouco me deram um litro de água mineral para ser dividido entre três pessoas, não aguento mais", disse Abdulrazak Abolhassem, 27, antes de começar a chorar.
"Estou preso aqui há dez dias, cansado, faminto e estressado. Onde está a ONU? Onde está a América?", afirmou James Baroin, 26.
Em volta dele, dezenas de bengalis corriam para uma caminhonete de voluntários que trazia comida.
Os bengalis com quem a reportagem conversou se queixaram de que o fluxo de repatriação foi interrompido.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM), que coordena os voos com a ONU e governos, negou.
"O aeroporto está saturado", disse à Folha Christoper Hoffman, um dos coordenadores da OIM. "Estamos esperando despachar os migrantes amontoados no saguão antes de continuar."


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