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Bengalis se desesperam em campo na Tunísia
Eles reclamam de falta de comida e de água e dizem que voos de repatriação pararam
SAMY ADGHIRNI
ENVIADO A RAS JEDIR (TUNÍSIA)
Nervosismo e confusão se
espalharam ontem pelo campo onde estão abrigados milhares de trabalhadores estrangeiros que fugiram da Líbia e esperam em solo tunisiano a repatriação.
Contingente mais numeroso e que está há mais tempo
no campo, centenas de cidadãos de Bangladesh protestaram contra a dificuldade de
conseguir comida, em meio
ao esgotamento físico e mental generalizado que atinge
até equipes de apoio.
Bengalis formaram vários
grupos que caminhavam pela areia, levantando nuvens
de poeira, aos gritos de "queremos comida e água" e
"queremos voltar para casa".
Muitos improvisaram cartazes onde escreveram suas
reivindicações em inglês precário, num claro apelo à comunidade internacional.
Pessoas que estavam havia horas nos escassos pontos de distribuição de comida
saíam das filas para aderir
aos protestos. Em contraste
com as filas que davam voltas pelo campo e claramente
não andavam, a Folha viu
enormes quantidades de
massa, legumes, bebidas e
enlatados em barracas de organismos internacionais.
Soldados e ONGs pediam
paciência aos manifestantes,
argumentando que ninguém
poderia prever tamanho fluxo (há 15 mil pessoas lá).
"Não como há três dias e
há pouco me deram um litro
de água mineral para ser dividido entre três pessoas,
não aguento mais", disse Abdulrazak Abolhassem, 27,
antes de começar a chorar.
"Estou preso aqui há dez
dias, cansado, faminto e estressado. Onde está a ONU?
Onde está a América?", afirmou James Baroin, 26.
Em volta dele, dezenas de
bengalis corriam para uma
caminhonete de voluntários
que trazia comida.
Os bengalis com quem a
reportagem conversou se
queixaram de que o fluxo de
repatriação foi interrompido.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM),
que coordena os voos com a
ONU e governos, negou.
"O aeroporto está saturado", disse à Folha Christoper
Hoffman, um dos coordenadores da OIM. "Estamos esperando despachar os migrantes amontoados no saguão antes de continuar."
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