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PACIFICAÇÃO
Cerimônia acontece hoje
Angola dá posse a governo de união nacional
das agências internacionais
Toma posse hoje em Angola o
governo de reconciliação nacional, última etapa do acordo que
pôs fim à guerra civil que matou
meio milhão de pessoas no período de 1975 a 1994.
O novo governo reúne o MPLA
(Movimento Popular para a Libertação de Angola) e os ex-guerrilheiros da Unita (União Nacional
para a Independência Total de Angola), que se enfrentaram desde o
fim do domínio colonial português até o acordo de paz assinado
em Lusaka (Zâmbia).
Um último obstáculo, que quase
impediu a realização da cerimônia, foi resolvido somente esta semana, quando o Parlamento angolano aprovou às pressas a concessão de status especial para Jonas Savimbi, da líder da Unita, hoje um partido político.
Entre outras provisões, a lei lhe
garante o direito de consultas regulares com o presidente do país,
José Eduardo dos Santos, uma residência oficial na capital, Luanda,
e guarda-costas.
Mas Savimbi não vai comparecer
à cerimônia de hoje. Ele diz que
não há condições satisfatórias para
garantir sua segurança fora de seu
quartel em Bailundo, região central do país.
O gabinete foi dissolvido anteontem, e apenas o premiê Fernando França van Dunem foi
mantido, por meio de um decreto
presidencial. Quatro integrantes
da Unita vão ser ministros. Diplomatas ocidentais estimam que não
vá haver nos outros cargos.
O partido de Savimbi também
vai ter sete vice-ministérios, além
de diversas embaixadas.
Os presidentes de Portugal, Jorge Sampaio, da África do Sul, Nelson Mandela, e do Zimbábue, Robert Mugabe, devem participar da
cerimônia.
500 mil mortos
A guerra civil em Angola começou logo às vésperas da independência do país em relação a Portugal e devastou o país.
A maioria dos estimados 500 mil
mortos é de civis.
O conflito se desenvolveu como
uma extensão da Guerra Fria: a
Unita recebeu apoio dos EUA, da
França e da África do Sul; o MPLA,
da ex-URSS e de Cuba. Um tratado
de paz só foi alcançado em 1991,
permitindo uma interrupção dos
combates e prevendo eleições em
setembro do ano seguinte.
Mas a Unita não reconheceu a vitória do MPLA nas urnas, e a guerra civil recomeçou. Em 1993, a
ONU impôs sanções sobre o grupo
e exigiu que aceitasse o resultado.
Dois meses depois, recomeçou o
diálogo de paz, que culminou com
o tratado assinado em Lusaka em
novembro de 1994. A manutenção
da paz é garantida por tropas da
ONU, que incluem militares brasileiros.
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