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Clinton deve
encontrar os
sobreviventes
de Tuskegee
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
de Nova York
O presidente Bill Clinton deve ter
uma audiência nos próximos dias
com os sobreviventes da experiência Tuskegee.
Entre 1932 e 1972, homens negros norte-americanos com sífilis
passaram anos sem ter a doença
tratada para que pesquisadores
pudessem estudá-la melhor.
Sem que tivessem conhecimento
do que estava acontecendo, cerca
de 400 homens afro-americanos
passaram pelo processo.
Fred Gray, advogado dos oito
que ainda estão vivos, afirmou que
seus clientes foram tratados como
cobaias humanas. ``Eles não deram seu consentimento, nem foram informados do que estava
acontecendo'', afirmou.
A Casa Branca já avisou que o
presidente Clinton pretende pedir
desculpas pelo que ocorreu. ``Foi
um erro que deve ser corrigido'',
disse Mary Ellen Glynn, porta-voz
da sede do governo americano.
A experiência é chamada de Tuskegee por ser o nome da cidade
norte-americana, no Estado do
Alabama, em que foi realizada.
Durante o experimento, os
doentes recebiam medicamentos
que não faziam efeito (placebo).
Quatro dos oito sobreviventes se
encontraram no início da semana
em uma igreja do Alabama, mas o
governo negou pressão para que o
presidente os receba. O mais jovem deles tem 87 anos.
A experiência Tuskegee foi levada para as telas pela emissora
HBO, com o nome ``Miss Ever's
Boys''. O filme gerou polêmica entre os sobreviventes e a emissora
que o produziu.
De acordo com o advogado dos
sobreviventes, o filme divide a responsabilidade pelo episódio entre
os negros e o governo, quando a
culpa seria toda do segundo.
A HBO defende-se dizendo que
retratou a história fielmente e que
em nenhum momento tentou dar
a versão governamental.
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