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ATAQUE DO IMPÉRIO
PÓS-SADDAM
Falta de poder central estimula saques e confrontos de rua no país invadido pela coalizão
Sem governo, desordem toma cidades iraquianas
DA REDAÇÃO
Um dia após a queda do regime
de Saddam Hussein em Bagdá, as
principais cidades iraquianas foram tomadas definitivamente pelo caos ontem. Com a ausência de
um poder central, saques a prédios públicos, tiroteios, assassinatos e atentados ocorreram na capital do país e também em Basra,
Najaf e Kirkuk, esta tomada por
paramilitares curdos.
Em Bagdá, o principal incidente
envolveu um homem-bomba,
que detonou explosivos em posto
de controle americano. Até a conclusão desta edição, o número de
mortos era incerto e havia ao menos quatro feridos. O atentado
ocorreu ao final de uma sequência
de combates entre as tropas dos
EUA e focos de resistência de forças leais ao ex-ditador.
Milicianos iraquianos se vestiram como civis para enfrentar os
soldados americanos, que passaram a atirar em qualquer um que
representasse o menor sinal de
ameaça -segundo a agência de
notícias Associated Press, vários
civis foram atingidos.
Sedes do governo, hospitais e
escritórios de missões diplomáticas foram invadidos, e o prédio do
Ministério do Comércio foi incendiado. No mercado de rua Rashid,
um dos mais populares da cidade,
há choques entre ladrões e seguranças de donos de lojas. As casas
de Uday, filho de Saddam, do vice-premiê Tariq Aziz e do general
Ali Hassan al Majid ("Ali Químico"), primo de Saddam, também
foram atacadas.
Os soldados americanos controlam e protegem os edifícios da
cidade considerados estratégicos,
mas não patrulham as ruas -a
Casa Branca afirma que seu objetivo no Iraque é libertar o país,
não controlá-lo. Segundo a ONU,
a coalizão anglo-americana, na
condição de força ocupante, teria
obrigação, pelo direito internacional, de evitar a desordem.
Famílias de classe média da capital usam como abrigo o prédio
do hotel Sheraton -dizem ter
medo de voltar às suas casas por
causa dos saques. Essa parte da
população parece não ter problemas com falta de água ou comida,
pois tem suprimentos estocados
desde antes do início da guerra,
em 20 de março.
Em Najaf, ao sul de Bagdá, o líder xiita Abdul Majid al Khoei foi
assassinato dentro de uma mesquita. Al Khoei retornara ao país
após exílio em Londres e enfrentava oposição entre os xiitas iraquianos apoiados pelo Irã.
Centro de petróleo
No norte, guerrilheiros curdos e
tropas especiais dos EUA ocuparam Kirkuk, a segunda maior
produtora de petróleo do país, e
também entraram em Mossul,
outra importante cidade da região. Quase não houve resistência
de soldados iraquianos, e a população local celebrou derrubando
uma estátua de Saddam, destruindo a sede do partido Baath e
invadindo lojas e prédios públicos. Pessoas foram vistas nas ruas
carregando tapetes e móveis.
No extremo sul do Iraque, o comando britânico que controla
Basra disse à população que aqueles que entregarem suas armas
não serão detidos, em uma tentativa de reduzir o número de armas em circulação e, consequentemente, a desordem. Ontem, a
cidade voltou a ser palco de confrontos de rua pelo espólio do regime derrubado anteontem.
Com agências internacionais
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