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São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2003

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ATAQUE DO IMPÉRIO

PÓS-SADDAM

Falta de poder central estimula saques e confrontos de rua no país invadido pela coalizão

Sem governo, desordem toma cidades iraquianas

DA REDAÇÃO

Um dia após a queda do regime de Saddam Hussein em Bagdá, as principais cidades iraquianas foram tomadas definitivamente pelo caos ontem. Com a ausência de um poder central, saques a prédios públicos, tiroteios, assassinatos e atentados ocorreram na capital do país e também em Basra, Najaf e Kirkuk, esta tomada por paramilitares curdos.
Em Bagdá, o principal incidente envolveu um homem-bomba, que detonou explosivos em posto de controle americano. Até a conclusão desta edição, o número de mortos era incerto e havia ao menos quatro feridos. O atentado ocorreu ao final de uma sequência de combates entre as tropas dos EUA e focos de resistência de forças leais ao ex-ditador.
Milicianos iraquianos se vestiram como civis para enfrentar os soldados americanos, que passaram a atirar em qualquer um que representasse o menor sinal de ameaça -segundo a agência de notícias Associated Press, vários civis foram atingidos.
Sedes do governo, hospitais e escritórios de missões diplomáticas foram invadidos, e o prédio do Ministério do Comércio foi incendiado. No mercado de rua Rashid, um dos mais populares da cidade, há choques entre ladrões e seguranças de donos de lojas. As casas de Uday, filho de Saddam, do vice-premiê Tariq Aziz e do general Ali Hassan al Majid ("Ali Químico"), primo de Saddam, também foram atacadas.
Os soldados americanos controlam e protegem os edifícios da cidade considerados estratégicos, mas não patrulham as ruas -a Casa Branca afirma que seu objetivo no Iraque é libertar o país, não controlá-lo. Segundo a ONU, a coalizão anglo-americana, na condição de força ocupante, teria obrigação, pelo direito internacional, de evitar a desordem.
Famílias de classe média da capital usam como abrigo o prédio do hotel Sheraton -dizem ter medo de voltar às suas casas por causa dos saques. Essa parte da população parece não ter problemas com falta de água ou comida, pois tem suprimentos estocados desde antes do início da guerra, em 20 de março.
Em Najaf, ao sul de Bagdá, o líder xiita Abdul Majid al Khoei foi assassinato dentro de uma mesquita. Al Khoei retornara ao país após exílio em Londres e enfrentava oposição entre os xiitas iraquianos apoiados pelo Irã.

Centro de petróleo
No norte, guerrilheiros curdos e tropas especiais dos EUA ocuparam Kirkuk, a segunda maior produtora de petróleo do país, e também entraram em Mossul, outra importante cidade da região. Quase não houve resistência de soldados iraquianos, e a população local celebrou derrubando uma estátua de Saddam, destruindo a sede do partido Baath e invadindo lojas e prédios públicos. Pessoas foram vistas nas ruas carregando tapetes e móveis.
No extremo sul do Iraque, o comando britânico que controla Basra disse à população que aqueles que entregarem suas armas não serão detidos, em uma tentativa de reduzir o número de armas em circulação e, consequentemente, a desordem. Ontem, a cidade voltou a ser palco de confrontos de rua pelo espólio do regime derrubado anteontem.


Com agências internacionais


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