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Fuzileiros navais atiram contra civis perto de palácio
PAUL EEDLE
DO "FINANCIAL TIMES", EM BAGDÁ
O 1º Batalhão do 5º Regimento
de Marines estava tão assustado
com ataques de combatentes iraquianos à paisana ontem nas ruas
de Bagdá que abriu fogo repetidamente contra homens, mulheres e
crianças desarmados.
Por três vezes no espaço de três
horas eu vi os marines que haviam capturado um dos palácios
menores de Saddam Hussein
abrir fogo, matando cinco pessoas e ferindo outras cinco, entre
as quais uma menina de 6 anos
que foi atingida na cabeça.
O cabo Manuel Silva disse, no
palácio de Adhamiya, zona norte
da cidade, que os marines haviam
sido informados de que Saddam
poderia estar escondido na área e
que sofreram fogo sustentado de
granadas propelidas por foguetes
e armas portáteis. Um oficial informou mais tarde que os marines haviam sofrido muitas baixas.
"Os soldados [iraquianos] não estão usando uniformes", disse o
cabo Silva. "Você tenta descobrir
de onde os tiros estão vindo e tudo que se vê são civis."
A cerca de 800 metros, tínhamos visto um homem em trajes
civis carregando um lançador de
granadas. Dobrando a esquina,
um combatente morto jazia no
pavimento ao lado de uma palmeira, o rosto coberto por um
lenço branco. Ele estava vestindo
calças cinzas e um agasalho rosa.
Os marines estavam atirando
contra qualquer coisa que encarassem, ainda que remotamente,
como ameaça. Um velho Volkswagen azul veio de um beco diante do portão do palácio. Um marine postado sobre o arco de pedra
do portão abriu fogo, e o veículo
se chocou contra um muro.
Ouvimos gritos no beco. Nenhum dos soldados norte-americanos se moveu. Se não fosse Mohammed Fatnan, o tradutor iraquiano da equipe da TV britânica
Channel 4, os norte-americanos
não teriam tratado os feridos. Fatnan atravessou a rua diante do palácio, na mira dos canhões de dois
blindados norte-americanos, e
voltou trazendo uma menina,
Zahra Abdel-Samii, sangrando de
um ferimento na cabeça.
No beco, um homem que correra para a varanda de sua casa ao
ouvir os tiros foi morto. Iraquianos gritando "Só Alá é Deus" o levaram a um carro.
Um furgão Mitsubishi branco
rugia pela rua principal, que corre
ao lado das muralhas do palácio,
seu motorista curvado sobre o volante, inconsciente ou talvez já
morto. O furgão saiu da avenida e
atingiu um muro. Fatnan e dois
marines correram para o outro lado da rua, para ajudar uma mulher ferida no braço e no pé, e um
jovem, seu filho, ferido na cabeça.
O motorista morto não havia
compreendido os disparos de advertência, que tinham por objetivo fazê-lo parar.
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