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AS PROVAS
Para ele, não são os EUA que devem localizar material, causa alegada para o conflito
ONU deve buscar armas, diz Annan
ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK
O secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, disse ontem que os inspetores de armas da entidade têm
que voltar a trabalhar no Iraque
assim que possível.
Sua tarefa, porém, será convencer os Estados Unidos a deixarem
isso acontecer, já que os próprios
americanos resolveram se encarregar de buscar armas proibidas
que o regime iraquiano teria produzido. Até agora, nada acharam.
Encontrar as provas de que Saddam Hussein violou resoluções e
tratados internacionais é um ponto vital da estratégia de Washington para o conflito.
O governo americano sustentou
durante meses no Conselho de
Segurança que as armas existiam,
a despeito de os inspetores da
ONU, o sueco Hans Blix e o egípcio Mohammed El Baradei, nunca
as terem visto.
"O mandato deles ainda é válido. Só está suspenso porque não é
possível operar durante a guerra.
Espero que Blix e Baradei possam
voltar o mais rápido possível e
acho que eles são os únicos com
mandato para desarmar o Iraque", afirmou Annan.
Entraves
Mas uma frase de Victoria Clarke, a porta-voz do Pentágono,
mostra o tamanho da disputa que
haverá a partir de agora.
Após ressaltar que os Estados
Unidos esperavam que Blix e Baradei não encontrassem mesmo
armas no Iraque por causa das
ações do regime iraquiano, ela
respondeu da seguinte forma ao
ser questionada se, agora, os dois
poderiam voltar, já sem os olhos
do regime à volta: "Não sei. É melhor perguntar ao Departamento
de Estado".
Pouco antes, seu colega na Casa
Branca, Ari Fleischer, havia indicado que os Estados Unidos querem eles mesmo mostrar as supostas provas ao mundo: "Estamos muito confiantes que existem essas armas de destruição em
massa. É disso que se trata essa
guerra. Acreditamos que as encontraremos".
Ele teve ainda que rebater rumores de que os americanos poderiam até "plantar" as provas caso não pudessem achá-las.
O porta-voz do presidente
George W. Bush disse que os próprios iraquianos deverão agora
ajudar as tropas anglo-americanas a localizar tais armas.
Recompensa
Os Estados Unidos, inclusive,
decidiram oferecer recompensa a
quem der pistas para que encontrem as armas.
Elas foram o ponto central da
discussão na ONU sobre a aprovação ou não de uma resolução
do Conselho de Segurança avalizando a guerra -o que acabou
não acontecendo.
Os integrantes do Conselho que
eram contrários -liderados por
França e Alemanha, e depois pela
Rússia- ao conflito defendiam
mais tempo para os inspetores
trabalharem no Iraque antes de
declarar o início ou não de uma
guerra para desarmar Saddam
Hussein.
As dúvidas sobre a existência
das armas aumentaram com o fato de as tropas iraquianas não as
terem utilizados contra a coalizão
que invadiu o país.
Por outro lado, Blix, que viajou
à Europa, tampouco contribuiu
para aumentar suas chances de
voltar ao Iraque ao declarar que a
busca das armas não foi, em sua
opinião, o motivo real da guerra.
"Estou muito curioso para ver se
eles encontrarão algo", afirmou.
Não só ele, como informou ontem o próprio Departamento de
Estado americano em um relatório diário que elabora sobre reações da imprensa mundial.
O texto do governo resume assim a posição majoritária pelo
planeta: "A falta de uma descoberta decisiva de armas de destruição em massa revelou que
Saddam não era uma ameaça suficiente para justificar o uso da
força".
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