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FMI faz um apelo por
cooperação entre países
DO ENVIADO A WASHINGTON
O diretor-gerente do Fundo
Monetário Internacional, Horst
Köhler, fez ontem veemente apelo
por uma "demonstração confiável de cooperação internacional",
que, segundo ele, seria a melhor
maneira de "restaurar a confiança
de consumidores e investidores
do mundo todo".
O apelo é o mais forte sinal até
agora de que há uma profunda inquietação, entre dirigentes de organismos internacionais e líderes
políticos de diferentes países, com
a possibilidade de que as divergências sobre a guerra no Iraque
contaminem questões econômicas, financeiras e comerciais.
Nas vésperas da invasão norte-americana ao Iraque, França e
Alemanha, entre outros, divergiram frontalmente de EUA e Reino
Unido. Köhler acha que restaurar
a cooperação internacional deveria ser a preocupação dos encontros anuais do FMI/ Banco Mundial, a serem inaugurados formalmente amanhã.
A colaboração entre os países ricos deveria começar, sempre segundo a visão do FMI, pelo "direcionamento vigoroso" de suas
economias para o crescimento.
A previsão do Fundo é de um
crescimento econômico de 3%
para este ano, o que é "sub-normal", conforme a qualificação de
Kenneth Rogoff, diretor do Departamento de Pesquisa.
O segundo ponto deveria ser recuperar as perspectivas de que a
Rodada Doha de negociações comerciais termine no prazo estabelecido (2005). "O comércio é a
mais importante demonstração
do espírito de cooperação e seu
significado mais concreto", diz o
diretor-gerente do Fundo.
Como os negociadores comerciais vêm perdendo um prazo
após o outro, Köhler fez um apelo
para "a liderança pessoal dos chefes de Estado e de governo".
Por fim, o diretor do FMI recomenda o fortalecimento da agenda do desenvolvimento, como "o
mais apropriado antídoto para o
risco de fragmentação entre as nações". Ele mencionou elogiosamente proposta do ministro britânico do Tesouro, Gordon
Brown, de criar novo mecanismo
de financiamento internacional.
Seria "um meio inteligente de
alavancar escassos recursos públicos e de aproveitar o vasto potencial dos mercados internacionais de capitais", na definição de
Köhler. Na prática, o dinheiro público seria usado como garantia
para arrancar a contribuição dos
mercados de capitais no financiamento ao desenvolvimento.
"É uma idéia inteligente. Sei que
desperta ceticismo, mas acho que
deveríamos permanecer abertos
para ela, porque precisamos de
mais financiamento para o desenvolvimento", diz Köhler.
Já o presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, enfatizou a necessidade de cooperação
entre as potências para poder ajudar a reconstrução do Iraque.
Lembrou que o Bird só pode emprestar dinheiro para países com
um governo legitimado pela
ONU. A França e a Rússia bloquearam a aprovação de uma resolução da ONU que autorizaria a
ofensiva contra o Iraque.
Köhler defendeu uma tese que
demonstra como os países ricos
têm à mão instrumentos que são
negados aos países em desenvolvimento: ele disse que a política
fiscal, na Europa, deveria permitir
déficits acima do limite de 3% do
PIB (estabelecido no acordo de
Maastricht, que abriu o caminho
para o euro, a moeda única européia). Para o Brasil, a exigência do
Fundo não é a de um déficit de 3%
ou menos, mas a de superávit
mais ou menos da mesma altura
(hoje 4,25%).
(CLÓVIS ROSSI)
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