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São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2003

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FMI faz um apelo por cooperação entre países

DO ENVIADO A WASHINGTON

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Horst Köhler, fez ontem veemente apelo por uma "demonstração confiável de cooperação internacional", que, segundo ele, seria a melhor maneira de "restaurar a confiança de consumidores e investidores do mundo todo".
O apelo é o mais forte sinal até agora de que há uma profunda inquietação, entre dirigentes de organismos internacionais e líderes políticos de diferentes países, com a possibilidade de que as divergências sobre a guerra no Iraque contaminem questões econômicas, financeiras e comerciais.
Nas vésperas da invasão norte-americana ao Iraque, França e Alemanha, entre outros, divergiram frontalmente de EUA e Reino Unido. Köhler acha que restaurar a cooperação internacional deveria ser a preocupação dos encontros anuais do FMI/ Banco Mundial, a serem inaugurados formalmente amanhã.
A colaboração entre os países ricos deveria começar, sempre segundo a visão do FMI, pelo "direcionamento vigoroso" de suas economias para o crescimento.
A previsão do Fundo é de um crescimento econômico de 3% para este ano, o que é "sub-normal", conforme a qualificação de Kenneth Rogoff, diretor do Departamento de Pesquisa.
O segundo ponto deveria ser recuperar as perspectivas de que a Rodada Doha de negociações comerciais termine no prazo estabelecido (2005). "O comércio é a mais importante demonstração do espírito de cooperação e seu significado mais concreto", diz o diretor-gerente do Fundo.
Como os negociadores comerciais vêm perdendo um prazo após o outro, Köhler fez um apelo para "a liderança pessoal dos chefes de Estado e de governo".
Por fim, o diretor do FMI recomenda o fortalecimento da agenda do desenvolvimento, como "o mais apropriado antídoto para o risco de fragmentação entre as nações". Ele mencionou elogiosamente proposta do ministro britânico do Tesouro, Gordon Brown, de criar novo mecanismo de financiamento internacional.
Seria "um meio inteligente de alavancar escassos recursos públicos e de aproveitar o vasto potencial dos mercados internacionais de capitais", na definição de Köhler. Na prática, o dinheiro público seria usado como garantia para arrancar a contribuição dos mercados de capitais no financiamento ao desenvolvimento.
"É uma idéia inteligente. Sei que desperta ceticismo, mas acho que deveríamos permanecer abertos para ela, porque precisamos de mais financiamento para o desenvolvimento", diz Köhler.
Já o presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, enfatizou a necessidade de cooperação entre as potências para poder ajudar a reconstrução do Iraque. Lembrou que o Bird só pode emprestar dinheiro para países com um governo legitimado pela ONU. A França e a Rússia bloquearam a aprovação de uma resolução da ONU que autorizaria a ofensiva contra o Iraque.
Köhler defendeu uma tese que demonstra como os países ricos têm à mão instrumentos que são negados aos países em desenvolvimento: ele disse que a política fiscal, na Europa, deveria permitir déficits acima do limite de 3% do PIB (estabelecido no acordo de Maastricht, que abriu o caminho para o euro, a moeda única européia). Para o Brasil, a exigência do Fundo não é a de um déficit de 3% ou menos, mas a de superávit mais ou menos da mesma altura (hoje 4,25%). (CLÓVIS ROSSI)


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