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Manifestações pacifistas serão mantidas, afirmam organizadores
MARIA BRANT
DA REDAÇÃO
O fim da guerra no Iraque não
significa o fim dos protestos contra a atuação dos EUA no país, segundo organizadores das manifestações pacifistas que levaram
milhões às ruas do mundo todo
nos últimos meses.
Os principais grupos contra a
guerra nos EUA, no Reino Unido
e no Brasil decidiram manter uma convocação
para marchas globais amanhã,
mas sob um novo slogan: em vez
do "Não à guerra", vão marchar
pelo "Não à ocupação".
"É muito, muito importante
que continuemos protestando",
disse à Folha Ghada Razuki, porta-voz do grupo britânico Stop
the War Coalition, que levou quase 1 milhão de pessoas às ruas de
Londres em 15 de fevereiro. "Há
várias questões em aberto ainda:
(1) a das supostas armas de destruição em massa; (2) a dos os
contratos para a reconstrução do
Iraque; e (3), a mais importante, a
de quem vai governar o Iraque."
Questionada se as imagens de
iraquianos celebrando a queda do
regime em Bagdá não fizeram o
grupo repensar sua oposição incondicional à guerra, Razuki afirma que é importante não se deixar levar pelo clima de euforia dos
últimos dias. "Apesar das imagens de iraquianos celebrando, os
problemas para a população do
Iraque estão apenas começando."
Segundo ela, o fato de a escolha
de quem irá governar o Iraque estar entre um "general reformado
americano", Jay Garner, e um
"iraquiano corrupto", Ahmed
Chalabi -"nenhum dos dois
bem-vindo pelos iraquianos"- é
apenas o início de um clima de insatisfação geral que deve acabar
predominando no país e que pode até aumentar o risco de ataques suicidas -ela falou à Folha
poucas horas antes do atentado
de ontem em Bagdá.
De forma semelhante, o grupo
International Answer, uma das
principais coalizões pacifistas dos
EUA, manteve a marcha de amanhã, agora chamada de "Ocupação não é libertação".
Em uma página de seu site
(www.internationalanswer.org)
intitulada "Por que vamos marchar em 12 de abril", a organização afirma que é fundamental resistir ao "governo de ocupação de
estilo colonial que o governo Bush
quer impor no Iraque".
O grupo se adianta às críticas e
afirma que seria "trágico" e "um
desperdício" se o movimento antiguerra "decidisse que seus esforços fracassaram porque Bush e o
Pentágono foram adiante com
sua matança no Iraque".
"A guerra contra o Iraque não
prova o fracasso do movimento
antiguerra, [ela] prova apenas
que a autoridade econômica, política e militar nos EUA é moralmente corrupta [e" nutrida por
um sistema que se tornou viciado
em militarismo e guerra."
A marcha em Washington amanhã organizada pela International
Answer terá também o objetivo
de protestar contra as empresas
que "lucraram com a invasão e a
ocupação do Iraque ou serviram
como os principais mensageiros
das mentiras e da desinformação
a serviço da máquina de guerra".
O roteiro da marcha inclui paradas diante da TV pró-guerra Fox
News e da empresa Halliburton,
que já foi presidida pelo vice-presidente Dick Cheney.
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