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São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2003

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Manifestações pacifistas serão mantidas, afirmam organizadores

MARIA BRANT
DA REDAÇÃO

O fim da guerra no Iraque não significa o fim dos protestos contra a atuação dos EUA no país, segundo organizadores das manifestações pacifistas que levaram milhões às ruas do mundo todo nos últimos meses.
Os principais grupos contra a guerra nos EUA, no Reino Unido e no Brasil decidiram manter uma convocação para marchas globais amanhã, mas sob um novo slogan: em vez do "Não à guerra", vão marchar pelo "Não à ocupação".
"É muito, muito importante que continuemos protestando", disse à Folha Ghada Razuki, porta-voz do grupo britânico Stop the War Coalition, que levou quase 1 milhão de pessoas às ruas de Londres em 15 de fevereiro. "Há várias questões em aberto ainda: (1) a das supostas armas de destruição em massa; (2) a dos os contratos para a reconstrução do Iraque; e (3), a mais importante, a de quem vai governar o Iraque."
Questionada se as imagens de iraquianos celebrando a queda do regime em Bagdá não fizeram o grupo repensar sua oposição incondicional à guerra, Razuki afirma que é importante não se deixar levar pelo clima de euforia dos últimos dias. "Apesar das imagens de iraquianos celebrando, os problemas para a população do Iraque estão apenas começando."
Segundo ela, o fato de a escolha de quem irá governar o Iraque estar entre um "general reformado americano", Jay Garner, e um "iraquiano corrupto", Ahmed Chalabi -"nenhum dos dois bem-vindo pelos iraquianos"- é apenas o início de um clima de insatisfação geral que deve acabar predominando no país e que pode até aumentar o risco de ataques suicidas -ela falou à Folha poucas horas antes do atentado de ontem em Bagdá.
De forma semelhante, o grupo International Answer, uma das principais coalizões pacifistas dos EUA, manteve a marcha de amanhã, agora chamada de "Ocupação não é libertação".
Em uma página de seu site (www.internationalanswer.org) intitulada "Por que vamos marchar em 12 de abril", a organização afirma que é fundamental resistir ao "governo de ocupação de estilo colonial que o governo Bush quer impor no Iraque".
O grupo se adianta às críticas e afirma que seria "trágico" e "um desperdício" se o movimento antiguerra "decidisse que seus esforços fracassaram porque Bush e o Pentágono foram adiante com sua matança no Iraque".
"A guerra contra o Iraque não prova o fracasso do movimento antiguerra, [ela] prova apenas que a autoridade econômica, política e militar nos EUA é moralmente corrupta [e" nutrida por um sistema que se tornou viciado em militarismo e guerra."
A marcha em Washington amanhã organizada pela International Answer terá também o objetivo de protestar contra as empresas que "lucraram com a invasão e a ocupação do Iraque ou serviram como os principais mensageiros das mentiras e da desinformação a serviço da máquina de guerra".
O roteiro da marcha inclui paradas diante da TV pró-guerra Fox News e da empresa Halliburton, que já foi presidida pelo vice-presidente Dick Cheney.


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