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EUA vivem seu "inferno aéreo"
TVs anunciam caos, mas aeroportos têm poucas filas no segundo dia de cancelamentos, que atingiu 2,7% da malha
Em dois dias, American Airlines mantém no chão para revisão de aeronaves quase 2.000 vôos; no Brasil, empresa diz não ter atrasos
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
Com mais de 900 vôos suspensos pela companhia American Airlines para revisão de aeronaves, os EUA viviam ontem
um "inferno aéreo", nas palavras das TVs americanas que
transmitiam seu noticiário ao
vivo dos aeroportos. Para quem
está acostumado à versão brasileira de suspensões e atrasos,
contudo, o cheiro de enxofre
passava quase despercebido.
Na véspera, os cancelamentos
superaram mil.
"Crise aérea? "Tá" tendo, é?'",
surpreende-se o percussionista
baiano Meia-Noite, 43, da banda do também músico brasileiro Sérgio Mendes. No aeroporto La Guardia, em Nova York,
de onde embarcaria para Los
Angeles, ele não havia se dado
conta do caos. "Não tem ninguém dormindo no chão. O aeroporto não está nem lotado."
Meia-Noite não é um passageiro distraído. O caos aéreo
pelo qual os EUA passam desde
terça é relativamente discreto,
a começar pelo número de vôos
atingidos: são 2,7% do total de
cerca de 34 mil decolagens previstas para ontem no país.
O motivo comum também
abre mais espaço para que as
empresas se organizem: a American Airlines, como já fizeram
SouthWest, Delta e United Airlines, teve de inspecionar grande parte de seus aviões MD-80
para adaptação rigorosa às normas da Administração Federal
de Aviação dos EUA (FAA). A
FAA havia notado falhas em peças como rodas de aeronaves
nas companhias que vistoriou.
Como a decisão foi tomada
com horas de antecedência
-ontem foi o segundo dia de
aviões no chão-, os passageiros puderam resolver seu problema por telefone ou internet,
sem precisar ir ao aeroporto.
A fila anda
No La Guardia, de onde
saíam cerca de 30 dos mais de
900 vôos cancelados no país, o
atendimento era rápido. "O senhor entra nesta fila do check-in e explica seu problema", disse a funcionária Lourdes Nunes à Folha. Em cinco minutos, a fila anda até o fim e uma
atendente explica que os passageiros que tiveram seus vôos
cancelados serão realocados
em outro vôo, da própria companhia ou da concorrência.
Questionadas pela Folha sobre a existência de reembolso
para alimentação e diárias de
hotel para quem está fora de
casa, as atendentes da empresa
no La Guardia disseram não saber informar. Procurada, a assessoria de imprensa da companhia não telefonou de volta.
Ao redor do país, a companhia armou mesas com sucos e
refrigerante para os passageiros de vôos atrasados e cancelados -o que, conforme mostrado na TV, irritou clientes.
"Eu não quero suco, eu quero
meu vôo no horário", disse
uma passageira à CNN.
Conforme o músico brasileiro Meia-Noite notou, ontem já
não havia mais passageiros
dormindo no chão do aeroporto, o que chegou a acontecer na
véspera. Vendedores da loja de
lanches diziam que o movimento de fregueses não sofreu
alteração. Assim como na revistaria e na banca de sorvete.
A seqüência de cancelamentos de diversas companhias para inspeção de aeronaves deve
ir até sábado.
A American Airlines no Brasil informou que seus vôos para
o país não sofreram atrasos.
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