São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 2008

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EUA vivem seu "inferno aéreo"

TVs anunciam caos, mas aeroportos têm poucas filas no segundo dia de cancelamentos, que atingiu 2,7% da malha

Em dois dias, American Airlines mantém no chão para revisão de aeronaves quase 2.000 vôos; no Brasil, empresa diz não ter atrasos

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

Com mais de 900 vôos suspensos pela companhia American Airlines para revisão de aeronaves, os EUA viviam ontem um "inferno aéreo", nas palavras das TVs americanas que transmitiam seu noticiário ao vivo dos aeroportos. Para quem está acostumado à versão brasileira de suspensões e atrasos, contudo, o cheiro de enxofre passava quase despercebido. Na véspera, os cancelamentos superaram mil.
"Crise aérea? "Tá" tendo, é?'", surpreende-se o percussionista baiano Meia-Noite, 43, da banda do também músico brasileiro Sérgio Mendes. No aeroporto La Guardia, em Nova York, de onde embarcaria para Los Angeles, ele não havia se dado conta do caos. "Não tem ninguém dormindo no chão. O aeroporto não está nem lotado."
Meia-Noite não é um passageiro distraído. O caos aéreo pelo qual os EUA passam desde terça é relativamente discreto, a começar pelo número de vôos atingidos: são 2,7% do total de cerca de 34 mil decolagens previstas para ontem no país.
O motivo comum também abre mais espaço para que as empresas se organizem: a American Airlines, como já fizeram SouthWest, Delta e United Airlines, teve de inspecionar grande parte de seus aviões MD-80 para adaptação rigorosa às normas da Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA). A FAA havia notado falhas em peças como rodas de aeronaves nas companhias que vistoriou.
Como a decisão foi tomada com horas de antecedência -ontem foi o segundo dia de aviões no chão-, os passageiros puderam resolver seu problema por telefone ou internet, sem precisar ir ao aeroporto.

A fila anda
No La Guardia, de onde saíam cerca de 30 dos mais de 900 vôos cancelados no país, o atendimento era rápido. "O senhor entra nesta fila do check-in e explica seu problema", disse a funcionária Lourdes Nunes à Folha. Em cinco minutos, a fila anda até o fim e uma atendente explica que os passageiros que tiveram seus vôos cancelados serão realocados em outro vôo, da própria companhia ou da concorrência.
Questionadas pela Folha sobre a existência de reembolso para alimentação e diárias de hotel para quem está fora de casa, as atendentes da empresa no La Guardia disseram não saber informar. Procurada, a assessoria de imprensa da companhia não telefonou de volta.
Ao redor do país, a companhia armou mesas com sucos e refrigerante para os passageiros de vôos atrasados e cancelados -o que, conforme mostrado na TV, irritou clientes. "Eu não quero suco, eu quero meu vôo no horário", disse uma passageira à CNN.
Conforme o músico brasileiro Meia-Noite notou, ontem já não havia mais passageiros dormindo no chão do aeroporto, o que chegou a acontecer na véspera. Vendedores da loja de lanches diziam que o movimento de fregueses não sofreu alteração. Assim como na revistaria e na banca de sorvete.
A seqüência de cancelamentos de diversas companhias para inspeção de aeronaves deve ir até sábado.
A American Airlines no Brasil informou que seus vôos para o país não sofreram atrasos.


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