São Paulo, domingo, 11 de maio de 2008

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Senadora baixa tom, mas rejeita derrota e pede a partidários que "desliguem TV"

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

"Se vocês seguirem o conselho que dei à minha mãe, verão. Desligue a TV. Você irá adorar essa experiência", bradou ontem a pré-candidata democrata à Casa Branca Hillary Clinton em celebração pública pré-Dia das Mães, em Nova York, em resposta ao "já perdeu" sobre ela que toma o noticiário local.
"Continuemos seguindo! Esta é uma grande aventura, fiquem comigo", dizia a senadora, aplaudida em pé no salão de um hotel em Manhattan.
No discurso, ao lado da filha Chelsea, 28, ela abrandou o tom sobre seu rival no partido, Barack Obama, favorito na corrida. Só o citou uma vez, para falar que seu projeto para saúde pública era melhor que o dele. E disse que o mais importante é "ter um partido unificado" para desbancar o republicano John McCain na eleição presidencial de novembro.
Na sexta-feira, ela já havia recalibrado seu ataque para o concorrente republicano e adotado uma atitude mais amigável em relação ao colega democrata. A avaliação de seus assessores é a de que continuar a criticar Barack Obama poderia prejudicar os dois no longo prazo, caso ele seja mesmo escolhido o candidato do partido.
"O que Hillary fizer durante o próximo mês é importante", avaliou o congressista democrata Rahm Emanuel em evento na sexta. "Se ela gastar tempo procurando ressaltar suas diferenças em relação ao senador McCain, para ajudar o Partido Democrata, será produtivo." Emanuel até agora não revelou quem apóia.

Sobre o Brasil
No evento em Nova York, Hillary voltou a citar longamente o Brasil como exemplo de independência do petróleo, diante do preço recorde do produto nos EUA, que passou dos US$ 126 por barril. "Em 30 anos, o Brasil nunca desistiu [de desenvolver etanol de cana-de-açúcar], mesmo quando o preço do petróleo estava baixo", disse, citando o grande número de carros "flex" na frota brasileira e propondo que os EUA busquem solução parecida.
Ao final do evento, nos cumprimentos ao público, a Folha recebeu um aperto de mão (bastante firme) da candidata e perguntou mais sobre o assunto. Hillary, que não tem falado com a imprensa estrangeira nesta campanha, disse apenas que o exemplo do país é "muito impressionante".

Propaganda positiva
Nos últimos dias, a senadora viu seu oponente superá-la em número de superdelegados (que não seguem as prévias ao votar na convenção do partido), a única vantagem que mantinha até agora, e manter a liderança em todos os outros quesitos: voto popular, Estados ganhos, número de delegados eleitos e dinheiro arrecadado.
No último ponto, teve de emprestar dinheiro próprio e do marido para acertar contas de campanha. Ainda assim, anuncia mais gastos. Nas últimas horas, entrou no ar um anúncio nas TVs da Virgínia Ocidental, que vota terça, visando os operários, eleitorado crucial da senadora. O locutor diz: "Hillary está lutando pela classe média".
Mas o esforço pouco ecoa. Ontem, Obama recebeu apoio de três superdelegados, somando 268, disse o "New York Times". Hillary recebeu de um e foi a 264, e há outros 264 que não se declararam ainda. Os votos desses membros do partido serão essenciais para definir o candidato democrata.


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