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Senadora baixa tom, mas rejeita derrota e pede a partidários que "desliguem TV"
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
"Se vocês seguirem o conselho que dei à minha mãe, verão.
Desligue a TV. Você irá adorar
essa experiência", bradou ontem a pré-candidata democrata
à Casa Branca Hillary Clinton
em celebração pública pré-Dia
das Mães, em Nova York, em
resposta ao "já perdeu" sobre
ela que toma o noticiário local.
"Continuemos seguindo! Esta é uma grande aventura, fiquem comigo", dizia a senadora, aplaudida em pé no salão de
um hotel em Manhattan.
No discurso, ao lado da filha
Chelsea, 28, ela abrandou o tom
sobre seu rival no partido, Barack Obama, favorito na corrida. Só o citou uma vez, para falar que seu projeto para saúde
pública era melhor que o dele.
E disse que o mais importante é
"ter um partido unificado" para
desbancar o republicano John
McCain na eleição presidencial
de novembro.
Na sexta-feira, ela já havia recalibrado seu ataque para o
concorrente republicano e adotado uma atitude mais amigável em relação ao colega democrata. A avaliação de seus assessores é a de que continuar a criticar Barack Obama poderia
prejudicar os dois no longo prazo, caso ele seja mesmo escolhido o candidato do partido.
"O que Hillary fizer durante
o próximo mês é importante",
avaliou o congressista democrata Rahm Emanuel em evento na sexta. "Se ela gastar tempo procurando ressaltar suas
diferenças em relação ao senador McCain, para ajudar o Partido Democrata, será produtivo." Emanuel até agora não revelou quem apóia.
Sobre o Brasil
No evento em Nova York, Hillary voltou a citar longamente
o Brasil como exemplo de independência do petróleo, diante
do preço recorde do produto
nos EUA, que passou dos US$
126 por barril. "Em 30 anos, o
Brasil nunca desistiu [de desenvolver etanol de cana-de-açúcar], mesmo quando o preço do petróleo estava baixo",
disse, citando o grande número
de carros "flex" na frota brasileira e propondo que os EUA
busquem solução parecida.
Ao final do evento, nos cumprimentos ao público, a Folha
recebeu um aperto de mão
(bastante firme) da candidata e
perguntou mais sobre o assunto. Hillary, que não tem falado
com a imprensa estrangeira
nesta campanha, disse apenas
que o exemplo do país é "muito
impressionante".
Propaganda positiva
Nos últimos dias, a senadora
viu seu oponente superá-la em
número de superdelegados
(que não seguem as prévias ao
votar na convenção do partido),
a única vantagem que mantinha até agora, e manter a liderança em todos os outros quesitos: voto popular, Estados ganhos, número de delegados
eleitos e dinheiro arrecadado.
No último ponto, teve de emprestar dinheiro próprio e do
marido para acertar contas de
campanha. Ainda assim, anuncia mais gastos. Nas últimas horas, entrou no ar um anúncio
nas TVs da Virgínia Ocidental,
que vota terça, visando os operários, eleitorado crucial da senadora. O locutor diz: "Hillary
está lutando pela classe média".
Mas o esforço pouco ecoa.
Ontem, Obama recebeu apoio
de três superdelegados, somando 268, disse o "New York Times". Hillary recebeu de um e
foi a 264, e há outros 264 que
não se declararam ainda. Os votos desses membros do partido
serão essenciais para definir o
candidato democrata.
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