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Devastada por ciclone, Mianmar vota em referendo sobre nova Carta
Para analistas, não há abertura democrática; testemunhas citam intimidação
DA REDAÇÃO
Com o país imerso em uma
grave crise humanitária que
pode deixar mais de 100 mil
mortos após a passagem do ciclone Nargis, no dia 2, os birmaneses foram ontem às urnas
votar uma proposta de Constituição da junta militar que governa Mianmar desde 1962.
A expectativa é que a Carta, a
primeira desde 1988, seja aprovada por larga margem de votos. Mas, segundo analistas, ela
dará pouco alento a uma abertura democrática, tamanhas as
restrições que impõe sobre futuras eleições e candidaturas.
Apesar da situação em que o
país se encontra -com 1 milhão de pessoas desabrigadas
pelo Nargis e saldo oficial de
23.335 mortos-, a votação foi
adiada apenas em 40 cidades
atingidas. Os resultados, portanto, só serão contabilizados
totalmente e anunciados após a
votação nessas regiões, dia 24.
Testemunhas relataram a
agências de notícias casos de
intimidação de eleitores, como
registro de impressões digitais
na cédula eleitoral. Houve protestos contra a votação no Japão, na Malásia e na Tailândia.
Após a junta confiscar suprimentos enviados pela ONU na
véspera, começaram a chegar
ontem alimentos, remédios e
outros itens doados pela ONU e
pelo Comitê Internacional da
Cruz Vermelha às vítimas do
ciclone. Os militares aproveitaram para fazer propaganda política do governo, embalando as
caixas de ajuda com adesivos
estampados com os nomes dos
principais generais no poder.
Com agências internacionais
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