São Paulo, sábado, 11 de junho de 2011

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Bolivianos registram em um dia 7.000 carros ilegais

Medida polêmica vige desde ontem; dos veículos, muitos são contrabandeados

Decisão "beneficia os pobres", alega Morales; os carros roubados de outros países não serão legalizados, diz aduana

LUCAS FERRAZ
DE BUENOS AIRES

No primeiro dia em que vigorou a medida aprovada pelo governo boliviano para regularizar carros ilegais, o serviço aduaneiro do país registrou o cadastro de mais de 7.000 veículos.
Nesta semana, o presidente Evo Morales promulgou uma polêmica lei prevendo a nacionalização de veículos sem documentação, muitos dos quais contrabandeados de países vizinhos.
O número registrado em um só dia ultrapassa a previsão total do governo, que falava na legalização de entre 5.000 e 6.000 carros sem documentos. O prazo da campanha de anistia é de 15 dias.
Segundo informou a Aduana do país, 60% dos carros foram registrados nas cidades de Cochabamba e Santa Cruz. "A primeira etapa foi um sucesso", disse a uma TV local Marlene Ardaya, presidente do órgão.
Na segunda etapa do processo de nacionalização, os veículos receberão uma nova "identidade".
Para nacionalizar o automóvel, cada proprietário terá que pagar entre US$ 2.000 (R$ 3.164) e US$ 3.000 (R$ 4.746). Não há distinção na lei sobre o ano de fabricação do carro nem a data em que ele ingressou no país.
O governo boliviano diz que a legalização é importante para o Estado aumentar sua arrecadação com impostos -estimada em US$ 5 milhões (ou R$ 7,9 milhões).
A iniciativa privada, o que inclui opositores do governo Morales, apresenta outros números. Para ela, são até 120 mil veículos irregulares circulando na Bolívia, e a nacionalização renderia para o governo cerca de US$ 100 milhões (R$ 158 milhões).
A frota da Bolívia é de cerca de 1 milhão de automóveis. A maioria circula na capital La Paz.
O governo do presidente Evo Morales garantiu que vai reforçar a fiscalização nas fronteiras para evitar a entrada de carros roubados.
Governos da região, como Chile, Paraguai, Peru e Brasil, enviaram a La Paz uma relação de veículos roubados. A aduana disse que usará esses dados para evitar que eles sejam legalizados.
A faixa de fronteira com o Chile é considerada o ponto mais sensível. Há denúncias de comércio de veículos roubados na região, que seriam levados para a Bolívia. A fiscalização foi reforçada com a presença do Exército.
Além de aumentar a arrecadação de impostos, Evo Morales justificou sua decisão dizendo que ela beneficia a "gente pobre". "Todos nós temos o direito de ter um carro", disse o presidente.


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