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Peru convoca Forças Armadas contra greve
Menina de 12 anos morre ao ser atingida em conflito entre professores e polícia; García cita fator externo
DA FRANCE PRESSE, EM LIMA
O governo peruano anunciou
ontem a mobilização das Forças Armadas por 30 dias, numa
tentativa de conter uma avalanche de greves e paralisações
regionais que vêm colocando a
Presidência do social-democrata Alan García em apuros
desde a última quinta-feira.
Ontem, uma menina de 12
anos morreu durante um confronto entre professores em
greve e a polícia após levar uma
pedrada em Abancay, numa das
regiões mais pobres do país. A
garota foi atingida perto de
uma praça onde ocorria um
protesto no qual a polícia usou
gás lacrimogêneo e os manifestantes reagiram com pedradas.
García negou que o Peru esteja vivendo uma convulsão e
acusou "grupos pequenos" da
esquerda radical de provocar
desordens. "Há um pouco de
barulho no teto, barulho de
exagero, barulho de revanche,
barulho de extremismo, barulho incentivado desde fora, mas
os fundamentos estão sólidos e
o edifício está firme", disse,
sem dar detalhes sobre o "barulho incentivado de fora".
Sem estado de emergência
Um decreto publicado no
diário oficial ordenou que as
forças militares saiam às ruas
em apoio à manutenção da ordem pública -mas sem que isso implique a declaração de estado de emergência.
O texto ressalta que durante
a intervenção militar "não haverá restrição, suspensão ou
constrangimento dos direitos
fundamentais" garantidos na
Constituição e nos tratados internacionais. O objetivo, diz o
decreto, é garantir o funcionamento de entidades e serviços
públicos essenciais.
A onda de protestos eclodiu a
duas semanas de García completar o primeiro dos cinco
anos de seu mandato. O alvo da
greve é a Lei da Carreira Pública Magisterial, recém-promulgada, que submete os professores a avaliações constantes e
implica a demissão daqueles
que forem reprovados pela terceira vez nos testes.
Em seus comentários, o presidente aludiu a seu adversário
na eleição do ano passado,
Ollanta Humala, líder do Partido Nacionalista: "Todos sabem
que os gatos choram à noite, especialmente quando perderam
as eleições".
Já a imprensa de direita vem
divulgando, nos últimos dias, a
hipótese de ingerência do presidente venezuelano, Hugo
Chávez, em temas peruanos.
Além da greve por tempo indeterminado dos professores
da rede pública, acompanhada
de mobilizações diárias em Lima e outras cidades do país,
mais paralisações estão previstas a partir de hoje.
A Federação dos Trabalhadores Mineiros e Metalúrgicos
inicia uma greve nacional de
dois dias, e as regiões meridionais de Tacna, Moquegua e Puno anunciaram uma paralisação por tempo indeterminado.
Além disso, a Confederação
Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP) programou uma jornada de protesto, com passeatas, em apoio às reivindicações
sindicais por aumentos salariais, recolocação de demitidos
e a alocação de verbas para
obras regionais.
Por causa da greve, foi suspensa hoje a operação do trem
turístico entre a cidade de Cusco e as ruínas incas de Machu
Picchu. A operadora Peru Rail,
responsável pela linha, alegou
motivo de segurança.
Tradução de CLARA ALLAIN
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