São Paulo, domingo, 11 de julho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ícone da Zâmbia lembra fim do apartheid

Democrata ajudou a negociar fim do regime

ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A LUSAKA (ZÂMBIA)

Enquanto a África do Sul recebe a admiração mundial pela reconciliação pós-apartheid, um líder aposentado de um país vizinho assiste, modesto, ao sucesso que ajudou a construir.
Keneth Kaunda, 86, primeiro presidente de Zâmbia, lembra como foi criticado por negociar com o regime do apartheid para obter concessões, inclusive a libertação de Nelson Mandela. "A África toda dizia que não podíamos falar com [B.J.] Vorster e [Pieter] Botha [ex-primeiros ministros do apartheid]."
Kaunda ajudou a construir as negociações na África do Sul e nas lutas pela independência de Angola e Moçambique. Foi também um líder africano a declinar da Presidência ao perder as eleições, após permitir um pleito multipartidário. É lembrado como sinônimo de democracia.
Na última semana, ele falou com à Folha, em Lusaka.
Diz que Robert Mugabe, ditador do Zimbábue, não pode ser "demonizado" pela crise em seu país. "Teve muita paciência e lutou contra o racismo de um modo que a África deveria se orgulhar."
Sobre os desafios do continente, Kaunda afirma que são miséria, fome, ignorância, doenças, crime e corrupção. "Mas temos que ser corajosos para dizer que nem toda a culpa deve ser colocada nos ombros dos colonizadores. Parte dela tem que estar nos nossos ombros."


Texto Anterior: Outro lado: Planalto diz que Zimbábue segue normas globais
Próximo Texto: Campo gera espancamentos e trabalho forçado, dizem ONGs
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.