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Órgão dos EUA mira guerra cibernética
País passa a contar com comando militar, que estará operacional em três meses, para proteger hiperespaço
Segundo comandante,
criação de organização
ocorre após invasões de
computadores militares
registradas há dois anos
RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO
A guerra começou em terra
há milhares de anos e depois
passou para o mar; o ar virou
campo de batalha no começo
do século 20 e o espaço no
seu final. A primeira década
do século 21 vê o conflito se
estender ao ciberespaço.
A nova dimensão da guerra entre Estados, grupos políticos, terroristas e crime organizado foi reconhecida pelo Departamento da Defesa
dos EUA, que criou recentemente o Comando Cibernético (Cyber Command), sob o
Comando Estratégico.
Situado na base militar de
Fort Meade, Maryland, deverá estar plenamente operacional em outubro.
O país, que já tem um Comando Espacial para proteger satélites militares, agora
passa a ter um ligado ao "hiperespaço".
Outros países estão tomando iniciativas semelhantes, como Reino Unido, Israel
e Coreia do Sul. Outros já teriam embarcado recentemente em ciberataques: China, Rússia e Coreia do Norte
são os principais suspeitos.
"Quando este país foi fundado, navios inimigos cruzavam os oceanos em dias. Na
Segunda Guerra Mundial,
aviões cruzavam em horas.
Na Guerra Fria, mísseis poderiam fazê-lo em minutos.
Agora, ataques cibernéticos
podem nos atingir em menos
do que a piscada de um
olho", disse o secretário-adjunto de Defesa, William J.
Lynn 3º, em artigo no "The
Wall Street Journal".
O secretário de Defesa, Robert Gates, ordenou em junho de 2009 a criação do novo Comando.
Receios no Congresso de
que a nova organização poderia afetar as liberdades civis, "militarizando" a internet, atrasaram a confirmação
do primeiro comandante no
cargo. O general do Exército
Keith B. Alexander assumiu
o posto em 21 de maio.
"Este comando não é sobre esforços para militarizar
o ciberespaço. Ao contrário,
trata-se de defender a integridade dos sistemas críticos de
informação militares", declarou Alexander ao Congresso.
A dimensão da tarefa é
perceptível pelo intenso uso
que o Pentágono faz de computadores. Os militares dos
EUA são responsáveis por
cerca de 15 mil redes de informática e usam mais de 7 milhões de computadores e
equipamentos eletrônicos.
Um exército de cerca de 90
mil pessoas, civis e militares,
está empregado para manter
as comunicações das forças
armadas americanas.
Um exercício mostrou o tipo de dano que o governo teme, simulando um ataque
em grande escala contra redes civis de computadores.
Resultado: 20 milhões de
pessoas sem celular, a costa
leste do país sem eletricidade
e a redução substancial da
velocidade da internet. As
companhias de aviação e o
controle de tráfego aéreo foram pesadamente afetados.
No exercício, um vírus teria sido enviado por celular
da Rússia. A escolha não é
acidental. Acredita-se que
partiram do país ataques
contra servidores do governo
e bancos da Estônia em 2007.
É difícil descobrir a fonte
dos ataques. Não necessariamente o governo russo estava por trás deles, e não há
provas disso; podem ter sido
obra de "hackers" privados.
O general Alexander, que
também dirige a Agência de
Segurança Nacional, confirmou que foram invasões de
computadores militares em
2008 que motivaram a criação do comando.
Apesar de ser chamada de
"guerra" cibernética, na prática é uma mistura de crime e
espionagem.
A China foi acusada de
praticar este tipo de ação
contra governos ocidentais,
além de seus "alvos" tradicionais, como Taiwan e Japão. Mas Pequim nega.
Um alvo crucial dos chineses, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, seria desabilitar a comunicação dos grupos-de-batalha de porta-aviões americanos. São essas frotas que
ajudariam a defender Taiwan de uma invasão chinesa.
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