São Paulo, domingo, 11 de agosto de 2002

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Disputas partidárias e denúncias abalam o favoritismo de Menem

DA REDAÇÃO

Carlos Menem estava certo havia poucas semanas de que retornaria à Presidência da Argentina. Seu adversário mais forte dentro do Partido Justicialista (PJ), o governador da Província de Santa Fé e ex-piloto de Fórmula 1, Carlos Reutemann, havia desistido de disputar as internas do partido.
Para o homem que governou a Argentina de 1989 a 1999, o caminho estava aberto para a vitória. Apostando que Elisa Carrió afundaria no final e sem um adversário de peso na interna peronista, Menem começou a sentir que poderia voltar à Casa Rosada.
Uma grande virada para quem havia um ano estava em prisão domiciliar por envolvimento com tráfico de armas.
Mas uma reportagem do "New York Times" deu um golpe nas suas pretensões. O jornal trouxe à tona uma denúncia de que Menem teria recebido US$ 10 milhões do Irã para ocultar a participação do país no atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) em julho de 94.
Menem negou, mas o dano já estava feito. A acusação partiu do mais importante jornal dos EUA, país com o qual Menem sempre se esforçou para manter boas relações. Ele afirma constantemente ser favorável à Alca (Área de Livre Comércio das Américas) em detrimento do Mercosul. Além disso, prega a dolarização para trazer de volta a estabilidade econômica, apesar das declarações de autoridades dos EUA contrárias à adoção do dólar na Argentina.
Surgiram também novos adversários dentro do peronismo. E um deles com crescente popularidade: Adolfo Rodriguez Saá, que promete disputar a Presidência mesmo se não for o escolhido nas internas do PJ. Concorrerá de forma independente. Os outros adversários são o governador cordobês, Juan Manuel de la Sota, o preferido do presidente Eduardo Duhalde, maior inimigo de Menem no PJ, e o governador de Santa Cruz, Néstor Kirchner.
Menem tem ainda um outro obstáculo: sua ex-mulher, Zulema Yoma, e sua filha, Zulemita. A primeira ainda quer descobrir se o seu filho Carlito foi assassinado -ele morreu em 1995, quando o helicóptero em que viajava caiu. Menem insiste em que foi acidente. A segunda não se conforma com o fato de o pai ter se casado com a ex-Miss Universo Cecília Bolocco, 36, nascida no Chile -Menem tem 72 anos.
Para conquistar votos, Menem argumentará que, na época em que esteve no poder, os argentinos tinham uma moeda estável e o desemprego era menor. Mas seus críticos afirmam que o país chegou à atual situação justamente devido ao custo dos anos Menem, que teriam arruinado a economia ao manter o peso atrelado ao dólar e ao fazer privatizações de forma questionável. (GC)


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