São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2010

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Bogotá e Caracas juram paz duradoura

Hugo Chávez afirma a seu colega colombiano que não permitirá a presença de grupos armados em seu território

Líder venezuelano e Juan Manuel Santos "relançam" as relações bilaterais, rompidas desde o dia 22 de julho


Jose Miguel Gomez/Reuters
Os líderes Juan Manuel Santos e Hugo Chávez se encontram em Santa Marta para reunião que pôs fim a crise bilateral

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA A SANTA MARTA (COLÔMBIA)

Os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, e da Venezuela, Hugo Chávez, "relançaram" ontem a relação bilateral, rompida por Caracas em julho, com a criação de uma comissão para discutir o tema mais sensível: a suposta presença de guerrilheiros colombianos em solo venezuelano.
O anúncio foi feito após encontro entre os dois líderes em Santa Marta, no Caribe colombiano. Chávez repetiu ao menos três vezes que não colabora ou apoia as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e que se compromete "a não permitir a presença de grupos armados em seu território".
A nova comissão, formada pelos chanceleres e que buscará um mecanismo de cooperação para "prevenir a presença de grupos armados à margem da lei", será acompanhada pela secretaria-geral da Unasul (União de Nações Sul-Americanas).
O encontro entre Chávez e Santos aconteceu na Quinta de San Pedro Alenjadrino, onde morreu o prócer da independência dos países, Simón Bolívar (1783-1830).
Os dois citaram frase do "libertador" para selar a paz.
Santos elogiou a reunião com Chávez, e disse ter deixado no passado "as diferenças fortes" que mantiveram enquanto ele era ministro da Defesa de Uribe -e um dos maiores críticos de Caracas. Propôs "virar a página".

CHÁVEZ PAZ E AMOR
Já Chávez, que felicitou o colombiano pelo aniversário de 59 anos ontem, empreendeu um discurso comedido.
"Presidente, eu peço que o senhor acredite em mim", disse o venezuelano, e pediu que as "fofocas, os informes e coordenadas" fossem conversadas diretamente.
Ele fazia referência à denúncia do então presidente Álvaro Uribe na OEA (Organização dos Estados Americanos) de que seu país abrigava guerrilheiros das Farc.
Em 22 de julho, a delegação colombiana apresentou coordenadas da suposta presença de acampamentos da guerrilha no vizinho, provocando a ruptura das relações por Caracas.
Ontem, Chávez afirmou ter ordenado patrulhamento para checar as denúncias. A revista não encontrou acampamentos, disse.
Ele evitou até criticar o acordo militar entre Colômbia e EUA, assinado no ano passado, pelo qual os militares americanos poderão usar até sete base colombianas.
Se até poucos dias atrás o acordo com Washington era um dos pontos aventados por Chávez para sustentar que a Colômbia -ainda de Uribe- preparava um ataque contra seu país com apoio dos EUA, ontem ele afirmou que a declaração de princípios bilateral fechada era uma garantia suficiente.
O texto prevê que a relação bilateral seguirá "estritamente o direito internacional", aplicará os princípios de não ingerência e respeitará a soberania e integridade territorial dos Estados.
No encontro foram criadas ainda outras comissões bilaterais: comércio, discussão de um acordo de complementação econômica, investimento social na fronteira, e infraestrutura comum.


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