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Contrariado, Lula assina sanções da ONU contra o Irã
Brasil votou contra ações no Conselho de Segurança, mas teve de acatá-las em respeito à lei internacional
Celso Amorim reitera crença de que sanções chegam em má hora e só servem para agravar o isolamento de Teerã
SIMONE IGLESIAS
DE BRASÍLIA
Contrariado, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva assinou ontem resolução do Conselho de Segurança da ONU
que expande as sanções contra o Irã por causa de seu polêmico programa nuclear.
O Brasil é membro não permanente do conselho e votou
contra as sanções, em junho.
Conforme o chanceler Celso
Amorim, o Brasil só assinou
o documento por respeitar a
lei internacional.
"O presidente Lula fez isso
contrariado, porque não
acreditamos que essa resolução que estabeleceu sanções
contribua para resolver o
problema. Embora não concordemos, assinamos porque somos respeitadores da
lei internacional", afirmou.
Essa quarta rodada de sanções foi aprovada por 12 dos
15 países do Conselho de Segurança da ONU. Só Brasil e
Turquia -que tinham fechado acordo de troca de combustível nuclear com Teerã
dias antes- votaram contra.
O Líbano se absteve.
Ontem, Amorim voltou a
defender que o momento para ampliar as sanções contra
o Irã é ruim porque Teerã fez
uma abertura ao fechar acordo com Brasília e Ancara.
"Nós não cremos que o isolamento contribua para uma
solução pacífica. O isolamento, de modo geral, contribui
para mais radicalismo."
CRÍTICAS
Amorim afirmou ainda
que as sanções não atingem
a relação comercial do Brasil
com o Irã e que também não
devem atrapalhar o elo diplomático entre os dois países.
As sanções da ONU, entre
outros pontos, proíbem venda de armamentos, helicópteros de ataque e mísseis balísticos ao Irã; além de permitirem que os países inspecionem cargas suspeitas em
portos e aeroportos.
Ele deixou claro que o Brasil aceita as sanções da ONU,
porém rejeita outras, unilaterais, decretadas pelos EUA e
pela UE, e fez críticas.
"Somos respeitadores da
lei internacional, ao contrário de outros que, muitas vezes, praticam ações unilaterais ou que, frequentemente,
criticam os direitos humanos
de um lado e financiam governos que violam os direitos
humanos de outro", disse.
Na semana passada, o governo demonstrou divergência diante das sanções. Delegação dos EUA esteve no Brasil para pressionar o governo
pela aplicação de sanções.
Enquanto o assessor internacional da Presidência brasileira, Marco Aurélio Garcia,
dizia que o Brasil não cederia
à pressão dos EUA para implementar sanções, o Itamaraty informava que o voto do
Brasil foi superado e que só
lhe restava acatar as sanções,
o que acabou ocorrendo.
Diplomata iraniano diz
que Sakineh vai ter de
"enfrentar a Justiça"
folha.com.br/mu780776
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