São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2011

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Dilma diz que país não enfrentará recessão

Presidente afirma que Brasil está preparado para turbulências, mas prevê que crise global será mais prolongada

À base governista, ela pediu 'união e maturidade'; governo unifica discurso sobre rigor nos gastos públicos

DE SÃO PAULO
DE BRASÍLIA


A presidente Dilma Rousseff disse ontem que o país não entrará em recessão e prometeu a continuidade de medidas para induzir o crescimento da economia.
Ao falar em evento com empresários da construção civil, em São Paulo, ela previu que as turbulências, desta vez, serão mais prolongadas que em 2008 e 2009. "Nosso posicionamento diante da crise não é recessivo. Vamos preservar as nossas forças produtivas, os nossos empregos e a renda da população", garantiu.
E completou: "Isso não elimina que usemos várias medidas para nos proteger, do ponto de vista financeiro e cambial". A presidente disse ainda que o país tem condições de enfrentar a crise: "Nós não entraremos em recessão. Digo isso não como uma bravata, mas porque nós temos condições de reagir".
Sem citar os EUA, deu a entender que o país foi um dos que erraram em 2008. "Alguns [países] pegaram seus recursos fiscais e entregaram para os bancos. Salvaram os bancos e deixaram sua população, endividada com o subprime [empréstimos de alto risco], sem nenhum apoio e nenhum resgate", disse. "Outros, como nós, saíram da crise porque apostaram no consumo e no investimento".

GASTOS
Dessa vez, no entanto, o governo tem unificado o discurso para convencer aliados a evitar elevar gastos. Mais cedo, em reunião do conselho político, a presidente pediu a congressistas da base "responsabilidade e maturidade" na análise de projetos que aumentem gastos públicos e possam criar dificuldades fiscais.
Lembrou que a disputa política nos EUA prejudicou a economia daquele país e disse esperar que, no Brasil, não ocorra o mesmo. A presidente ressaltou que o rigor fiscal foi importante para combater a inflação "e, agora, servirá para mostrar ao mundo que o Brasil está mais forte para enfrentar a crise".
O ministro Guido Mantega (Fazenda) citou projetos que preocupam o governo. Ele disse que a aprovação da PEC 300, que cria o piso nacional para policiais e bombeiros, pode causar efeito pior do que a crise nas contas do país. Em um evento sobre questões fiscais, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que a política fiscal não pode "fraquejar".
Para o BC, a melhora na área fiscal permitirá ao país reduzir a inflação com a economia crescendo. "Temos de confirmar o nosso diferencial, que é uma situação fiscal bem arrumada. É importante que continuemos nessa toada". Tombini espera um período prolongado e sujeito a "sobressaltos" de baixo crescimento mundial. Estima que a situação internacional só melhore em dois anos, mas que esse pode ser um período "razoável" para o Brasil.
A avaliação do BC é que "aquela sensação de descontrole inflacionário sumiu".
(BERNARDO MELLO FRANCO, ANA FLOR, VALDO CRUZ E EDUARDO CUCOLO)


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