São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2011 |
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ANÁLISE Foto de vítima em fuga define reviravolta na opinião pública NELSON DE SÁ ARTICULISTA DA FOLHA Dada pelo "Guardian" como "a imagem definitiva", que "entra para a história", a foto mostrando o salto da polonesa Monika Konczyk, em fuga de um prédio em chamas no bairro de Croydon, tem concorrentes na cobertura, na verdade. É o caso de outro prédio em chamas, na madrugada de sábado para domingo em Tottenham, também capa de jornais mundo afora. Mas a foto tirada por Amy Weston e destacada na terça-feira nas bancas londrinas, por "Telegraph", "Times", "Guardian" e os tabloides "Sun" e "Daily Mirror", marcou uma reversão na opinião pública inglesa. A BBC, que antes qualificava os conflitos como ação de "manifestantes" (protesters), trocou a partir de terça para "desordeiros" (rioters). E se desculpou com os telespectadores, registrando que dezenas deles haviam reclamado à emissora. Os próprios jornais, que de início ressaltavam a origem dos conflitos na morte de um jovem negro pela polícia, passaram a condenar a violência e cobrar intervenção maior da polícia, em uníssono, da direita à esquerda. Na expressão de um editorial do "Guardian", "neste momento, trata-se de controle". A evidência apresentada pela foto, de que as vítimas estavam agora do outro lado e que os "manifestantes" haviam se tornado vilões, foi confirmada pela morte de três jovens em Birmingham, todos de famílias imigrantes, ontem pela manhã. 'THE BLACKBERRY RIOTS' Do outro lado, o episódio indicou que as mídias sociais servem para mobilizar depredações. No caso, o sistema preferido teria sido o BlackBerry Messenger ou BBM, que é gratuito e de difícil rastreamento. Aqui e ali, na internet, os tumultos já são tratados como "The BlackBerry Riots". O próprio jovem morto pela polícia no final da semana passada, Mark Duggan, transmitiu via BBM sua mensagem derradeira à namorada: "Os federais estão me seguindo" (the Feds are following me). Segundo levantamento Ofcom, o BlackBerry, pela gratuidade do serviço de mensagens, é o aparelho preferido pelos jovens britânicos de 12 a 24 anos. A partir de 25 anos, a preferência passa para o iPhone. Texto Anterior: Três são mortos ao tentar evitar saque de lojas Índice | Comunicar Erros |
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