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Em clima solene, Nova York lembra ataques
Segurança ainda é uma das principais preocupações das autoridades; Bloomberg pediu a Cheney que não fosse à cerimônia
CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK
Dois anos depois dos ataques ao
World Trade Center, Nova York
realiza uma série de eventos para
lembrar o ocorrido e homenagear
a memória dos mortos.
Como em 2002, o evento oficial
da cidade ocorre no Ponto Zero.
Às 8h30, um minuto de silêncio
marcará o início da cerimônia. Às
8h46, hora exata em que o primeiro avião atingiu a torre norte, outro minuto de silêncio. O ato será
repetido outras três vezes para
lembrar os horários exatos em
que a torre sul foi atingida e também os momentos em que as torres desmoronaram. Os nomes de
todas as vítimas serão lidos por
200 crianças.
Sinos de igrejas de todas as denominações, a pedido do atual
prefeito de Nova York, Michael
Bloomberg, vão soar durante os
momentos de silêncio.
Também numa igreja, só que
numa cerimônia privada em
Washington, o presidente George
W. Bush fará um minuto de silêncio às 8h46. Ao contrário do ano
passado, o presidente decidiu não
ir a Nova York.
O vice-presidente dos EUA,
Dick Cheney, também não irá ao
evento no WTC por razões de segurança. Em nota divulgada ontem, Bloomberg informa que pediu que Cheney não fosse à cerimônia. "Como no ano passado,
temos que garantir medidas essenciais de segurança. A presença
do vice-presidente demandaria
reforços extras", diz o texto.
A preocupação com a segurança é mais uma das cicatrizes deixadas pelos ataques. Tropas especiais da polícia vigiam pontos estratégicos da cidade.
A divulgação de uma suposta
nova fita de Osama bin Laden, na
qual ele afirma que "a verdadeira
batalha ainda não começou",
também contribuiu para aumentar o receio da população nova-iorquina.
Outro triste legado do 11 de Setembro é a busca contínua pela
identificação das vítimas. Das
2.792 pessoas declaradas desaparecidas nos escombros do World
Trade Center, 1.268 ainda não foram identificadas. 12.387 fragmentos de corpos também permanecem sem identificação.
Esse número tende a crescer. Na
última quarta-feira, partes de ossos e de músculos humanos foram encontradas por operários
em uma construção próxima do
local onde as torres caíram. Segundo a polícia, há uma grande
probabilidade de que os restos
mortais pertençam a pessoas desaparecidas nos ataques. A confirmação, porém, só virá após a realização de testes de DNA.
Dança e reflexão
Mas nem só o luto marcará o
aniversário dos ataques. O Hotel
Regent, localizado nos arredores
do que foi o World Trade Center,
abre as portas para um baile. O salão é o mesmo que serviu como
base para os bombeiros em 11 de
setembro de 2001. A festa, que se
estende por todo o dia, tem como
objetivo promover reflexão e, ao
mesmo tempo, desanuviar o clima da cidade.
O ex-prefeito de Nova York Rudolf Giuliani encoraja a retomada
de um espírito mais festivo na cidade. "Claro que os nova-iorquinos ainda sofrem, mas não vejo
motivos para medo. Hoje Nova
York está mais segura do que antes dos ataques", disse.
Críticas à administração Bush
também marcam a data. Hoje, ao
entardecer, dois feixes de luz, simbolizando as torres, serão acesos
no Ponto Zero. Ontem, no mesmo horário, a ONG "Peaceful Tomorrows" fez uma marcha silenciosa rumo às ruínas das torres. O
grupo criticou a política externa
do governo e a discriminação
contra as minorias islâmicas.
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