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EUA
Valor de imóvel na área mais nobre de Nova York passa de US$ 1 milhão; menos de um terço dos moradores são proprietários
Apartamento em Manhattan atinge preço recorde
DAVID USBORNE
DO INDEPENDENT, EM NOVA YORK
Bill e Joan (pseudônimos) não
estão obtendo sucesso rápido em
sua busca de um novo apartamento para adquirir em Manhattan. Após decidirem morar juntos, recentemente, descobriram
que o apartamento que passaram
a dividir, em Chelsea, era pequeno demais. Assim, com um orçamento de até US$ 3 milhões, eles
estão procurando desesperadamente por uma casa nova.
O dinheiro pode parecer um
exagero. Mas estamos falando de
Manhattan, região na qual, de
acordo com um novo estudo, o
preço médio dos apartamentos à
venda acaba de superar a marca
do US$ 1 milhão pela primeira vez
na história. E muitos desses imóveis têm só um quarto. Compradores com orçamentos menores
podem ter de se conformar com
um calabouço sem janelas e com
um porteiro resmungão, em lugar
do apartamento com vista para o
Central Park que esperavam.
O custo exorbitante dos imóveis
residenciais em Manhattan significa que cada vez menos gente os
compra. Menos de um terço dos
moradores da ilha são proprietários dos imóveis onde vivem -a
maioria opta pelo aluguel.
O novo relatório, da Miller Samuel, empresa de avaliação de
imóveis, demonstra que o preço
médio dos apartamentos superou
os US$ 7 mil por m2, outro recorde. "O que isso nos diz é que a tendência não é acidental", diz Jonathan Miller, autor do relatório.
Obviamente, existe um ágio a
pagar quando se escolhe viver em
Manhattan. "Quando você compra imóveis em Nova York, está
comprando um estilo de vida",
explicou recentemente Jack Teplitzky, corretor de imóveis no
Upper East Side de Manhattan.
Os preços também estão sendo
empurrados para cima por outros
fatores, entre os quais baixas taxas
de juros, o impacto dos bônus elevados pagos por Wall Street a seus
executivos no final do ano passado e a crônica escassez de bons
imóveis. O problema se agrava
ainda mais porque as baixas taxas
de juros encorajaram os proprietários a renegociar suas hipotecas
e manter seus apartamentos, em
lugar de colocá-los no mercado.
Se você tem de comprar em Manhattan, escolher com muito cuidado o bairro ajuda. O Upper
West Side, por exemplo, registra a
mais rápida alta de preços da cidade. O preço médio de um imóvel para aquisição imediata na região subiu em 48% em 2003 e chegou a US$ 1,3 milhão.
Isso pode implicar em concentrar buscas nas áreas centrais de
Manhattan, como Tribeca e o distrito financeiro. Não são mais pechinchas como no passado, mas
ainda oferecem algum alívio, com
preço médio de US$ 669 mil,
diante da loucura que reina em
Uptown. As pessoas realmente
frugais e com espírito de aventura
podem optar pelo Harlem, onde o
preço médio continua a ser de
apenas US$ 338 mil.
Mas assim que você entra no
mercado de Manhattan, começa a
se questionar sobre sua sanidade,
mesmo que esteja apenas alugando. Cerca de metade dos inquilinos de Nova York gastam mais de
30% de sua renda em aluguel e
contas domésticas. E 25% deles
gastam mais de metade de sua
renda com essas despesas.
Bill e Joan são clientes do corretor Tom Cooper. Esta semana, ele
lhes mostrou uma cobertura de
280 m2 em um prédio alto em
Chelsea, com uma vista ótima e
uma varanda que cerca todo o
apartamento. O preço: US$ 3 milhões. Eles rejeitaram a oferta. O
apartamento não é pintado há dez
anos, está coberto de pêlos de gato
e a cozinha, bem, não era o estilo
deles (azulejos multicoloridos e
aço inoxidável). "Por esse preço,
não queriam ter de trabalhar pesado no apartamento", disse Cooper. E reconhece que estão certos.
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