São Paulo, sábado, 11 de setembro de 2004

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EUA

Valor de imóvel na área mais nobre de Nova York passa de US$ 1 milhão; menos de um terço dos moradores são proprietários

Apartamento em Manhattan atinge preço recorde

DAVID USBORNE
DO INDEPENDENT, EM NOVA YORK

Bill e Joan (pseudônimos) não estão obtendo sucesso rápido em sua busca de um novo apartamento para adquirir em Manhattan. Após decidirem morar juntos, recentemente, descobriram que o apartamento que passaram a dividir, em Chelsea, era pequeno demais. Assim, com um orçamento de até US$ 3 milhões, eles estão procurando desesperadamente por uma casa nova.
O dinheiro pode parecer um exagero. Mas estamos falando de Manhattan, região na qual, de acordo com um novo estudo, o preço médio dos apartamentos à venda acaba de superar a marca do US$ 1 milhão pela primeira vez na história. E muitos desses imóveis têm só um quarto. Compradores com orçamentos menores podem ter de se conformar com um calabouço sem janelas e com um porteiro resmungão, em lugar do apartamento com vista para o Central Park que esperavam.
O custo exorbitante dos imóveis residenciais em Manhattan significa que cada vez menos gente os compra. Menos de um terço dos moradores da ilha são proprietários dos imóveis onde vivem -a maioria opta pelo aluguel.
O novo relatório, da Miller Samuel, empresa de avaliação de imóveis, demonstra que o preço médio dos apartamentos superou os US$ 7 mil por m2, outro recorde. "O que isso nos diz é que a tendência não é acidental", diz Jonathan Miller, autor do relatório.
Obviamente, existe um ágio a pagar quando se escolhe viver em Manhattan. "Quando você compra imóveis em Nova York, está comprando um estilo de vida", explicou recentemente Jack Teplitzky, corretor de imóveis no Upper East Side de Manhattan.
Os preços também estão sendo empurrados para cima por outros fatores, entre os quais baixas taxas de juros, o impacto dos bônus elevados pagos por Wall Street a seus executivos no final do ano passado e a crônica escassez de bons imóveis. O problema se agrava ainda mais porque as baixas taxas de juros encorajaram os proprietários a renegociar suas hipotecas e manter seus apartamentos, em lugar de colocá-los no mercado.
Se você tem de comprar em Manhattan, escolher com muito cuidado o bairro ajuda. O Upper West Side, por exemplo, registra a mais rápida alta de preços da cidade. O preço médio de um imóvel para aquisição imediata na região subiu em 48% em 2003 e chegou a US$ 1,3 milhão.
Isso pode implicar em concentrar buscas nas áreas centrais de Manhattan, como Tribeca e o distrito financeiro. Não são mais pechinchas como no passado, mas ainda oferecem algum alívio, com preço médio de US$ 669 mil, diante da loucura que reina em Uptown. As pessoas realmente frugais e com espírito de aventura podem optar pelo Harlem, onde o preço médio continua a ser de apenas US$ 338 mil.
Mas assim que você entra no mercado de Manhattan, começa a se questionar sobre sua sanidade, mesmo que esteja apenas alugando. Cerca de metade dos inquilinos de Nova York gastam mais de 30% de sua renda em aluguel e contas domésticas. E 25% deles gastam mais de metade de sua renda com essas despesas.
Bill e Joan são clientes do corretor Tom Cooper. Esta semana, ele lhes mostrou uma cobertura de 280 m2 em um prédio alto em Chelsea, com uma vista ótima e uma varanda que cerca todo o apartamento. O preço: US$ 3 milhões. Eles rejeitaram a oferta. O apartamento não é pintado há dez anos, está coberto de pêlos de gato e a cozinha, bem, não era o estilo deles (azulejos multicoloridos e aço inoxidável). "Por esse preço, não queriam ter de trabalhar pesado no apartamento", disse Cooper. E reconhece que estão certos.


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