São Paulo, segunda-feira, 11 de setembro de 2006

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11/9 - CINCO ANOS DEPOIS

Cheney e Rice exaltam ação pós-11/9

Para chanceler, EUA estão mais seguros, mas "não totalmente'; vice diz que fez "um trabalho e tanto'

Secretária de Estado volta a citar vínculo entre Saddam e Al Qaeda; Bush visita local onde ficava o WTC, mas só deve discursar nesta noite

DA REDAÇÃO

Sob uma tempestade de críticas a sua política de segurança, a Casa Branca escalou dois pesos-pesados -a secretária de Estado, Condoleezza Rice, e o vice-presidente, Dick Cheney- para fazer a ronda dos programas de TV dominicais americanos defendendo as ações do governo na véspera do quinto aniversário do 11 de Setembro.
Rice foi à rede conservadora Fox News dizer que os EUA estão mais seguros hoje do que antes dos ataques -mas nem por isso devem abandonar sua luta contra o terror no mundo. "É claro que estamos seguros -mais seguros. Mas ainda não totalmente seguros", disse ela, que era assessora nacional de segurança do presidente George W. Bush na época do ataque.
"Estamos mais seguros, nossos portos estão mais seguros, nossos aeroportos estão mais seguros. Temos uma operação muito mais forte de inteligência, não só dentro do país".
Já Cheney afirmou que governo fez "um trabalho e tanto" em proteger o país. "Não sei como você pode explicar cinco anos sem ataques, cinco anos de interrupção bem-sucedida de ataques, cinco anos derrotando os esforços da Al Qaeda para voltar e matar mais americanos. Você tem de dar algum crédito à idéia de que talvez alguém tenha feito algo certo", disse Cheney à NBC. "Fizemos um trabalho e tanto em termos de segurança doméstica."
Mas muitos parecem discordar do vice-presidente, como mostra pesquisa divulgada ontem pela ABC News. Segundo o levantamento, apenas 38% dos entrevistados disseram achar que o governo está fazendo todo o possível para impedir que outro atentado ocorra, contra 60% que acham que não.
Ainda assim, 55% crêem que o país esteja mais seguro hoje do que antes do 11 de Setembro. Outros 37% discordam.
Bush deu início ontem às cerimônias do 11 de Setembro, com uma visita de cerca de dez minutos ao Ground Zero, onde ficava o World Trade Center, ao lado da primeira-dama, Laura, do governador de Nova York, George Pataki, e do prefeito Michael Bloomberg.
O presidente depositou uma coroa de flores em espelhos d'água que marcam os locais das torres norte e sul, ajoelhou-se e rezou. Hoje, ele visita o Pentágono, também atingido nos ataques, e o campo em Shanksville (Pensilvânia), onde caiu o quarto avião seqüestrado. Seu único pronunciamento será nesta noite, em rede nacional de TV.
Nas imediações do WTC, um protesto durante a visita do presidente reuniu cerca de 30 pessoas com faixas como "Bush causou o 11 de Setembro".

Iraque
Nas entrevistas de ontem, Rice sustentou ainda a existência de um laço entre o ex-ditador Saddam Hussein e a Al Qaeda -um dos argumentos usados pelo governo Bush para justificar a invasão do Iraque em 2003. Relatório divulgado na última sexta pela Comissão de Inteligência do Senado diz que nunca houve evidências do elo.
"Se você acha que o 11 de Setembro era só sobre a Al Qaeda e os seqüestradores, então não há conexão com o Iraque. Mas se você crê, como o presidente e eu cremos, que o problema é essa ideologia de ódio que se enraizou, essa ideologia extremista que se fixou no Oriente Médio, você tem de ir à fonte e fazer alguma coisa sobre a política daquela região", disse
"É inimaginável que fosse possível fazer algo no Oriente Médio com Saddam Hussein sentado aí no meio, ameaçando seus vizinhos, ameaçando nossos aliados", acrescentou.
Em carta a Bush, o presidente francês, Jacques Chirac, expressou "a amizade e a solidariedade do povo francês".


Colaborou VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO , de Nova York
Com agências internacionais


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