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ARGENTINA
Presidência de Kirchner emite mais decretos do que leis
DE BUENOS AIRES
Embora disponha de ampla base de apoio no Congresso, o presidente da Argentina, Néstor Kirchner,
preferiu em seu governo um
jeito mais simples de criar
novas leis: os Decretos de
Necessidade e Urgência,
equivalentes às medidas provisórias no Brasil.
Levantamento realizado
pelo Centro de Estudos para
Políticas Públicas Aplicadas
e divulgado ontem pelo jornal "La Nación" mostra que,
em quatro anos de mandato,
Kirchner assinou 249 decretos, enquanto só mandou 176
projetos de lei para apreciação do Congresso.
O uso dos decretos é uma
saída simples para o presidente, pois eles passam a ter
validade automática de lei
-a menos que o Congresso
decida o contrário. Diferentemente do caso brasileiro,
porém, os decretos não precisam obrigatoriamente passar pelo crivo do Congresso.
No fim de 2006, foi criada
uma comissão para avaliar se
os decretos se enquadram na
"necessidade" e "urgência"
definidas pela Constituição.
Mas, com um senador governista como presidente, o grupo ratificou todos os 147 decretos que analisou até hoje.
Em tese, Kirchner não
precisaria recorrer com tanta freqüência ao instrumento. Fazem parte do bloco de
legisladores da Frente para a
Vitória, que apóia o presidente, 111 dos 257 deputados
e 41 dos 72 senadores. O uso
recorde dos decretos -supera os 225 do segundo governo Menem-, porém, é só
mais uma manifestação da
tendência kirchnerista de
governar sem o Congresso.
Um dos projetos de lei que
ele enviou e que o Congresso
com maioria kirchnerista
aprovou concede "superpoderes" orçamentários ao
chefe-de-gabinete (equivalente ao ministro da Casa Civil), Alberto Fernández. Recentemente, Fernández fez
uso desses poderes para aumentar em 14,2 bilhões de
pesos (cerca de R$ 8,8 bilhões) os gastos deste ano
sem que o Congresso tenha
se pronunciado sobre o destino destes gastos.
O procedimento de Kirchner não difere muito do que
ocorre no Brasil: no seu primeiro mandato, Luiz Inácio
Lula da Silva editou 218 medidas provisórias, contra 166
projetos de lei enviados pelo
Executivo e aprovados pelo
Congresso.
(RODRIGO RÖTZSCH)
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