São Paulo, terça-feira, 11 de setembro de 2007

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Polícia passa caso Madeleine à Justiça

Procurador português deve agora decidir se denuncia ou não pais de menina inglesa desaparecida em maio

Mandado permite prisão dos McCann na Inglaterra; para jornal britânico, polícia ameaça casal, que "fugiu", na opinião dos portugueses

DA REDAÇÃO

Os próximos passos na investigação do desaparecimento da menina inglesa Madeleine McCann, 4, serão decididos pelo procurador do distrito português de Portimão, José Cunha de Magalhães e Meneses. A polícia portuguesa, que tenta descobrir o que houve com a menina que está desaparecida desde o último dia 3 de maio, entregaria hoje os papéis do inquérito ao procurador.
O caso voltou a ser manchete e até criou uma disputa entre setores da imprensa portuguesa e britânica após a polícia de Portugal haver indiciado Gerry e Kate McCann, os pais de Madeleine. Os McCann haviam contado à polícia que, naquele dia 3, durante férias que passavam em um resort na Praia da Luz, região portuguesa do Algarve, saíram para jantar, deixando Madeleine e seus dois irmãos, de dois anos de idade, dormindo. Quando voltaram, a menina não estava no quarto.
Há poucos dias, após uma nova busca, a polícia afirmou ter encontrado vestígios de sangue da menina em um dos veículos, alugado 25 dias depois de Madeleine desaparecer. Mas o fato gerou polêmica: a rede britânica BBC, citando um cientista forense, diz que o DNA da menina pode ter sido transferido para o carro por terceiros. Já a também britânica Sky afirmou ontem que, segundo a polícia, o sangue, cujo exame revelou "uma compatibilidade de 99% com o DNA" da criança, é prova suficiente de que seu corpo esteve no porta-malas do carro.

Pressões
Na última sexta, Kate e Gerry foram interrogados separadamente e indiciados pelo desaparecimento da menina. Segundo contou Kate ao tablóide inglês "Sunday Mirror", os policiais portugueses a pressionaram a confessar haver matado acidentalmente a filha em troca de uma pena mais branda.
Nos próximos dias o procurador de Portimão terá de decidir se denuncia o casal à Justiça ou se dá à polícia mais tempo para continuar investigando.
Como deram conta alguns rumores ontem, é possível que seja emitida uma ordem de prisão preventiva contra o casal. Nesse caso, Portugal pode lançar mão de um mandado com vigência em toda a União Européia, criado em 2004 para facilitar o julgamento de pessoas acusadas de crimes graves em diferentes países do bloco. Tal medida tornaria difícil para Londres barrar um eventual pedido de extradição.
Para defendê-los, os McCann contrataram uma equipe de peso, que inclui Michael Caplan, advogado do ditador chileno Augusto Pinochet quando a Espanha pediu sua extradição ao Reino Unido, em 1999.
Ontem, a imprensa britânica destacou a volta dos McCann sem a filha, na véspera, para Leicestershire, onde vivem. O "Sun" chegou a qualificar as ações da "insistentemente furiosa" polícia portuguesa de "ameaça" ao casal.
Já o português "Diário de Notícias", o primeiro a divulgar a possibilidade de indiciamento dos pais, informou que a polícia considerou seu retorno, embora não houvesse barreira legal, "uma espécie de fuga".


Com agências internacionais


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