São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 2002

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Para chavistas, marcha é prova de democracia

ROGERIO WASSERMANN
DA REDAÇÃO

Aliada do presidente Hugo Chávez, a deputada Noelí Pocaterra, 66, segunda vice-presidente da Assembléia Nacional (Congresso), diz que a permissão para a realização da marcha de ontem é a prova de que a Venezuela vive um regime democrático. "As pessoas podem expressar suas opiniões e diferenças livremente."
Para Pocaterra, uma das três parlamentares do Conive (Conselho Nacional Índio da Venezuela), Chávez enfrenta a oposição daqueles que perderam seus privilégios. "O povo é quem realmente está mandando agora", disse em entrevista à Folha ontem, por telefone, de Caracas.

Folha - A marcha de hoje é um revés para Chávez?
Noelí Pocaterra -
É uma marcha com muita gente, temos de admitir. Mas isso é uma evidência do que é a democracia na qual vivemos, onde se permite esse tipo de atividades, como expressão de um processo democrático, participativo. As pessoas podem expressar suas opiniões e suas diferenças livremente. Nunca houve um presidente tão ofendido como o atual. Nunca os meios de comunicação trataram um presidente tão desrespeitosamente como tratam Chávez.

Folha - Mas a oposição reclama que não há democracia suficiente.
Pocaterra -
Há uma verdadeira democracia, porque há liberdade de expressão, há participação popular, há uma Constituição feita pelo povo. O presidente foi legitimado por três processos eleitorais. Foi o povo soberano que elegeu, que escolheu Chávez e votou por esse estilo de governo.
O que acontece é que alguns perderam seus privilégios. Ficaram no poder por muitos anos e não estão mais no poder. O povo é quem realmente está mandando -os índios, os operários, são os que têm oportunidade agora.

Folha - Como a sra. vê as acusações de Chávez, de que há uma conspiração contra ele?
Pocaterra -
Isso é parte da agenda oculta deles [da oposição". Querem que Chávez saia, mas nós, partidários do presidente, estamos dispostos a defendê-lo e estamos atentos a qualquer incidente que ocorra.

Folha - A oposição acusa o presidente de criar essa ameaça para militarizar Caracas.
Pocaterra -
Isso foi uma decisão para proteger a própria oposição. Numa situação como essa, logicamente, é preciso tomar medidas para garantir a segurança. Há uma ameaça de golpe de Estado. Eles falam isso e anunciam isso abertamente, pela TV. Dizem que vão buscar o caminho que seja necessário para eliminar o presidente Chávez e uma série de pessoas.

Folha - Chávez cumpriu com suas bandeiras de combate à corrupção e à pobreza?
Pocaterra -
Lógico que os problemas são tão grandes e tão complexos que ainda não foram todos superados. Mas há grande vontade política de um presidente que demonstrou pulso firme e decisão em favor desses excluídos. Por outro lado, a situação política é complicada, porque não deixam esse homem governar. Isso impede de alguma maneira que o trabalho seja feito para combater a pobreza.
No caso da corrupção, há alguns oportunistas que chegaram e que podem ter feito uso indevido de dinheiro. Mas em todos esses casos há disposição de castigar aqueles que tenham utilizado o dinheiro para outros fins. O que podemos ter segurança é que temos um presidente que ama a Venezuela, com uma grande transparência, com um desejo profundo de combater a pobreza e a corrupção. Ele é incorruptível.


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