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Para chavistas, marcha é prova de democracia
ROGERIO WASSERMANN
DA REDAÇÃO
Aliada do presidente Hugo Chávez, a deputada Noelí Pocaterra,
66, segunda vice-presidente da
Assembléia Nacional (Congresso), diz que a permissão para a
realização da marcha de ontem é
a prova de que a Venezuela vive
um regime democrático. "As pessoas podem expressar suas opiniões e diferenças livremente."
Para Pocaterra, uma das três
parlamentares do Conive (Conselho Nacional Índio da Venezuela),
Chávez enfrenta a oposição daqueles que perderam seus privilégios. "O povo é quem realmente
está mandando agora", disse em
entrevista à Folha ontem, por telefone, de Caracas.
Folha - A marcha de hoje é um revés para Chávez?
Noelí Pocaterra - É uma marcha
com muita gente, temos de admitir. Mas isso é uma evidência do
que é a democracia na qual vivemos, onde se permite esse tipo de
atividades, como expressão de
um processo democrático, participativo. As pessoas podem expressar suas opiniões e suas diferenças livremente. Nunca houve
um presidente tão ofendido como
o atual. Nunca os meios de comunicação trataram um presidente
tão desrespeitosamente como tratam Chávez.
Folha - Mas a oposição reclama
que não há democracia suficiente.
Pocaterra - Há uma verdadeira
democracia, porque há liberdade
de expressão, há participação popular, há uma Constituição feita
pelo povo. O presidente foi legitimado por três processos eleitorais. Foi o povo soberano que elegeu, que escolheu Chávez e votou
por esse estilo de governo.
O que acontece é que alguns
perderam seus privilégios. Ficaram no poder por muitos anos e
não estão mais no poder. O povo é
quem realmente está mandando
-os índios, os operários, são os
que têm oportunidade agora.
Folha - Como a sra. vê as acusações de Chávez, de que há uma
conspiração contra ele?
Pocaterra - Isso é parte da agenda oculta deles [da oposição".
Querem que Chávez saia, mas
nós, partidários do presidente, estamos dispostos a defendê-lo e estamos atentos a qualquer incidente que ocorra.
Folha - A oposição acusa o presidente de criar essa ameaça para
militarizar Caracas.
Pocaterra - Isso foi uma decisão
para proteger a própria oposição.
Numa situação como essa, logicamente, é preciso tomar medidas
para garantir a segurança. Há
uma ameaça de golpe de Estado.
Eles falam isso e anunciam isso
abertamente, pela TV. Dizem que
vão buscar o caminho que seja necessário para eliminar o presidente Chávez e uma série de pessoas.
Folha - Chávez cumpriu com suas
bandeiras de combate à corrupção
e à pobreza?
Pocaterra - Lógico que os problemas são tão grandes e tão complexos que ainda não foram todos
superados. Mas há grande vontade política de um presidente que
demonstrou pulso firme e decisão
em favor desses excluídos. Por
outro lado, a situação política é
complicada, porque não deixam
esse homem governar. Isso impede de alguma maneira que o trabalho seja feito para combater a
pobreza.
No caso da corrupção, há alguns
oportunistas que chegaram e que
podem ter feito uso indevido de
dinheiro. Mas em todos esses casos há disposição de castigar
aqueles que tenham utilizado o
dinheiro para outros fins. O que
podemos ter segurança é que temos um presidente que ama a Venezuela, com uma grande transparência, com um desejo profundo de combater a pobreza e a corrupção. Ele é incorruptível.
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