São Paulo, terça-feira, 11 de outubro de 2005

Próximo Texto | Índice

TRAGÉDIA NA ÁSIA

Porta-voz do Exército paquistanês diz que tremor matou "toda uma geração" ; ONU estima que 4 milhões tenham sido afetados

Para Paquistão, 40 mil podem ter morrido

Olivier Matthys/Efe
Homem chora, em Balakot, Paquistão, a morte de um parente, vítima do terremoto que atingiu o sul da Ásia e matou mais de 20 mil


DA REDAÇÃO

O terremoto de 7,6 graus na escala Richter que atingiu no sábado o sul da Ásia matou toda uma geração de paquistaneses, segundo o porta-voz das Forças Armadas do Paquistão, Shaukat Sultan.
"Foi toda uma geração que se perdeu nas zonas mais afetadas. A maioria das vítimas é de crianças", disse o general Sultan sobre as conseqüências do tremor de terra cujo saldo de mortos já superou 20 mil - deve ficar entre 30 mil e 40 mil. "O governo [paquistanês] nos disse que entre 30 mil e 40 mil pessoas morreram", afirmou à agência de notícias France Presse Julia Leverton, porta-voz do Unicef (fundo da ONU para a infância e adolescência).
Além dos mortos, cerca de 40 mil pessoas ficaram feridas em conseqüência do terremoto, que atingiu não só o Paquistão, mas também a Índia -onde o número de mortos é de 950- e o Afeganistão, país em que quatro pessoas morreram. A ONU estima que 1 milhão de pessoas tenha sido efetivamente atingido pelo tremor e que 4 milhões tenham sido afetados de algum modo.
Na cidade de Muzaffarabad, epicentro do abalo sísmico, 70% das casas foram destruídas, segundo o governo paquistanês. Dos cerca de 600 mil habitantes da capital da Caxemira paquistanesa, acredita-se que 11 mil tenham morrido. A cidade está sem água, energia, remédios e comida.
Muitas crianças morreram. "As equipes de resgate tiram os cadáveres das crianças de entre os escombros, mas não há ninguém que os reclame; seus pais também morreram", contou um oficial do Exército paquistanês.
Segundo membros da ONU habituados a operações de resgate, são pequenas as esperanças de encontrar ainda gente com vida.
Em Muzaffarabad, sobreviventes do terremoto que estão sem abrigo, água e alimento apelaram para os saques a fim de saciar suas necessidades. Segundo a agência de notícias Associated Press, ocorreu um embate entre proprietários de mercearias e saqueadores na cidade ontem. Os saqueadores, que estavam procurando por comida em lojas destruídas, acabaram sendo afugentados pelos proprietários.
Num outro episódio na mesma cidade, a polícia deu tiros para o ar a fim de dispersar um grupo de cerca de 20 pessoas que saqueava um armazém do governo. "Eles estão fazendo isso há três dias", disse a um correspondente da Reuters um dos guardas do depósito, Nisar Gilani, sobre o comportamento dos saqueadores.
Roubos em casas abandoadas também foram reportados na cidade. De acordo com autoridades locais, está-se dando prioridade à busca de vítimas soterradas em detrimento do policiamento.

Visita
A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, que tem marcada para esta semana uma viagem à Ásia central, afirmou que avaliaria a possibilidade de passar pelo Paquistão. Rice disse que quer "deixar bem claro ao povo paquistanês que o povo americano está a seu lado".
Apesar da destruição causada pelo tremor, a economia do Afeganistão manterá seu crescimento, segundo Asfaque Hasan Khan, conselheiro do ministro das Finanças paquistanês. Isso porque as áreas industriais do país não sofreram grandes danos.

Com agências internacionais

Próximo Texto: País restringe a ajuda da Índia
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.