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AMÉRICAS
Buenos Aires diz que Venezuela possui interesse; Caracas afirma que intenção é fazer "intercâmbio de técnicas"
Argentina poderá vender reator a Chávez
MAELI PRADO
DE BUENOS AIRES
O governo argentino confirmou
anteontem que a Venezuela tem
interesse em adquirir da Argentina um reator nuclear para utilizá-lo com fins pacíficos e que venderá o aparato ao país caso ganhe
uma eventual licitação. O chanceler argentino, Rafael Bielsa, fez a
ressalva de que um possível negócio seria fechado com "a maior
responsabilidade" e seguindo os
devidos controles dos organismos internacionais.
O tema é delicado, já que os
EUA acompanham com lupa os
movimentos do presidente venezuelano, Hugo Chávez, visto com
suspeita pelo governo americano
devido a seu discurso nacionalista
e seus contatos com Cuba. O ministro venezuelano da Energia,
Rafael Ramírez, negou que houvesse qualquer plano para gerar
energia atômica. Segundo ele, a
intenção é fazer intercâmbio de
técnicas relacionadas ao tema.
O assunto veio a público após
uma reportagem publicada no último domingo no jornal argentino "Clarín". O interesse da Venezuela seria adquirir um reator nuclear de potência média para ajudar nas explorações em uma das
maiores reservas de petróleo do
mundo, localizada no rio Orinoco. Em maio deste ano, Chávez já
havia manifestado sua intenção
de avançar em um programa nuclear na Venezuela. Na ocasião,
havia pedido ajuda para o projeto,
além da Argentina, ao Brasil e ao
Irã -país acusado pelos EUA de
trabalhar secretamente para produzir armas nucleares.
"Vendemos um reator ao Egito,
outro para a Austrália, quando
ganhamos uma concorrência
com o Canadá, outro para a Argélia e para o Peru", afirmou Bielsa
anteontem durante declarações a
uma rádio argentina. "É uma tecnologia de ponta da Argentina. E,
se a Venezuela quer adquirir um
reator, teremos que entrar na licitação; se a ganharmos, venderemos, como sempre fizemos, com
muita responsabilidade".
Segundo o "Clarín", o tema divide o governo argentino. O chefe
de Relações Internacionais da Comissão Nacional de Energia Atômica, Darío Jinchuk, afirma que a
venda à Venezuela poderia gerar
conflitos pelo fato de Chávez ter
dito que pediria ajuda também ao
Irã. "A Argentina só pode assinar
acordos de cooperação com a Venezuela se o país estiver alinhado
com nações que só darão um uso
pacífico à energia nuclear."
Denúncia
Depois das denúncias de que
neste ano, de eleições, o governo
está distribuindo eletrodomésticos na Província de Buenos Aires,
um deputado da oposição, Jorge
Rivas, afirmou ontem que entrará
hoje com uma demanda judicial
contra o presidente Néstor Kirchner e contra vários ministros acusando-os de suborno e má utilização de fundos públicos. "Qualquer tentativa de influenciar a
vontade do eleitor com favores é
um tipo de corrupção que se associa ao suborno", afirmou.
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