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Sanção "prudente" à Coréia do Norte terá apoio da China
ONU analisa medidas "enérgicas" propostas pelos EUA; Pequim e Moscou vetam
ataque
Membros permanentes não chegam a consenso quanto a
punições, mas consideram embargo sobre bens de luxo e
inspeções de embarcações
DA REDAÇÃO
Integrantes do Conselho de
Segurança da ONU concordaram ontem em adotar sanções
"enérgicas" contra a Coréia do
Norte para puni-la por seu primeiro teste nuclear. Até os chineses, tradicionais aliados dos
norte-coreanos, defenderam
"uma punição apropriada".
Mas entre os membros permanentes do conselho, a China
e a Rússia descartam uma resposta militar, que os Estados
Unidos procuram manter entre
as opções virtuais para a crise.
Na noite de ontem (manhã
na Coréia), a rede de TV japonesa NHK informou, com base
em informações do governo,
que havia indícios de que
Pyongyang realizara um segundo teste. Os governos da Coréia
do Sul e dos Estados Unidos,
porém, afirmaram que não havia confirmação.
À CNN, o embaixador americano na ONU, John Bolton, disse ser "nítida a preferência" do
presidente George W. Bush por
uma solução diplomática. Mas
afirmou manter "a opção militar como alternativa, pois a Coréia do Norte precisa tomar conhecimento disso".
Horas depois, a secretária de
Estado Condoleezza Rice disse
também à CNN que os EUA
não têm planos de atacar militarmente a Coréia do Norte.
Afirmou que os norte-coreanos
sabem disso, e não poderiam
ter usado uma suposta ameaça
americana para testar a bomba.
Com a oposição russa e chinesa, é regimentalmente impossível que Washington obtenha uma resolução que autorize o emprego da força. Moscou
e Pequim têm poder de veto.
O Japão também não descarta essa solução. Mas, apesar de
presidir em outubro o conselho, seu país não é membro permanente e nada pode vetar. O
importante, no campo japonês,
foi a afirmação do premiê Shinzo Abe de que não tentaria
construir sua própria bomba
atômica. Sua posição não surpreendeu. Mas tranqüilizou.
A Rússia, outro protagonista
desse jogo, qualificou de "estrondo colossal" o teste norte-coreano. A expressão partiu de
seu ministro da Defesa, Serguei
Ivanov, que rejeitou o uso da
força. "A Coréia do Norte tem
fronteiras com três países. Um
deles é o nosso", afirmou, como
quem diz não querer confusão
no quintal de um vizinho.
Inspeções no mar
O fato é que, nessa guerra de
nervos, a hipótese militar não
chegou a ser formalizada pelo
embaixador Bolton no texto
que submeteu às demais delegações. O projeto estava sendo
trabalhado ontem por assessores das delegações, em discussões das quais não participavam os russos, que ainda esperavam instruções de Moscou.
Grosso modo, o texto americano impunha o embargo à importação de produtos de luxo,
consumidos apenas pela elite
dirigente norte-coreana, e sobretudo inspeções às embarcações que se preparassem para
aportar na Coréia do Norte e
deixassem seus portos.
Seria uma maneira de bloquear o ingresso de componentes para armas de destruição
em massa ou a exportação de
componentes nucleares para o
mercado paralelo.
Inspeções em alto mar trariam duas dificuldades. A primeira diz respeito à China, já
que parte das embarcações poderia ser abordada em sua
águas territoriais. A segunda se
refere ao direito internacional,
já que um cargueiro pode ser
abordado só com a autorização
do comandante ou do país sob
cuja bandeira ele navega.
Sem um um cronograma para a votação da resolução, a terça-feira transformou os corredores da ONU em território semântico. O embaixador da China, Wang Guangya, afirmou,
por exemplo, que "é preciso alguma ação punitiva, desde que
apropriada". Ele próprio se encarregou de traduzir "ação
apropriada" por "prudente".
Descartou, assim, a via militar.
Pequim sentiu-se particularmente traído pelo teste nuclear
de seu aliado. Horas antes, o
presidente chinês, Hu Jintao,
apelou para que "se evitem
ações que possam levar a uma
escalada e à perda de controle
da situação". Não quer isolar a
Coréia do Norte, pelos perigos
que o isolamento representa.
Um diplomata chinês afirmava
que a invasão do território norte-coreano era "inimaginável".
No Japão, país singularmente ameaçado pelo ingresso de
Pyongyang no clube atômico, o
ministro das Finanças, Koji
Omi, disse que novas sanções
econômicas poderão ser adotadas unilateralmente por seu
governo, como a interrupção de
todas as transações comerciais.
Em Seul, o premiê Han
Myung Sook disse que uma intervenção militar no Norte provocaria uma guerra que afetaria
toda a península. O presidente
sul-coreano, Roh Moo-hyun,
convocou seus predecessores e
outros políticos para estudar
uma reação conjunta.
O "New York Times" diz que
a sociedade local está dividida,
entre os que crêem que a Coréia do Norte acorreu à bomba
em razão da ameaça norte-americana e os que culpam a
política de conciliação aplicada
pelo presidente sul-coreano.
Com agências internacionais
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