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Acuada, Casa Branca lança incertezas sobre a bomba
Lee Jin-man/AP
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Em Seul, sul-coreanos pedem negociações diretas entre os Estados Unidos e a Coréia do Norte |
Porta-voz insinua que explosão pode ter sido simulada, o que técnicos negam
Democratas tentam tirar
partido da crise que política
de Bush teria indiretamente
provocado; bomba foi fraca,
admite até norte-coreano
DA REDAÇÃO
Criticada duramente pela
oposição democrata, que considera a bomba norte-coreana
como uma prova da inabilidade
diplomática da administração
Bush, a Casa Branca levantou
dúvidas sobre o próprio fato de
o teste atômico ter ocorrido.
O porta-voz Tony Snow disse
ontem que seriam necessários
ainda alguns dias para que se
tenha certeza sobre a explosão.
E há a "remota possibilidade"
de a incerteza se perpetuar.
Seu argumento é o de que há
apenas dois anos Pyongyang
expulsou os inspetores internacionais e que esse período é
muito curto para fabricar um
artefato nuclear.
A Associated Press, no entanto, entrevistou um especialista
americano, que não está autorizado a dar declarações, para
quem a Coréia do Norte realmente detonou uma bomba
atômica, sendo fantasiosa a hipótese de ter simulado o teste
por meio de dinamite convencional. Isso, afirmou, é consensual na comunidade científica.
Mas o mesmo informante
disse que a explosão foi muito
pequena. A bomba teria o equivalente a 200 toneladas de explosivos convencionais. A de
Hiroxima era 62 vezes maior.
A França e a Coréia do Sul
acreditam que a bomba era um
pouco maior: de 500 a 1.000 toneladas. A Rússia pensa que ela
tinha de 5.000 a 15 mil toneladas de equivalentes de TNT.
O jornal sul-coreano "Hankyoreh" cita um diplomata norte-coreano, que não identifica,
para quem o teste nuclear foi
menos potente do que seu governo esperava, mas que provou que Pyongyang pode provocar testes mais poderosos.
Em Paris, o especialista em
questões nucleares Bruno Tertrais disse que "é como cozinhar: de vez em quando o prato
não sai do jeito planejado pelo
cozinheiro". Ele levantou a hipótese de a fissão nuclear não
ter se expandido para todo o
plutônio reunido para a bomba.
Alguns acreditam que a Coréia do Norte fez a escolha deliberada de usar pouco plutônio,
já que seus estoques são reduzidos. É o que afirma Anton
Khlopkov, do Centro de Estudos Políticos, em Moscou. Mas
Philip Coyle, ex-funcionário do
Pentágono e hoje pesquisador
na área de estratégia, diz que se
desconhece a composição geológica do local da explosão, o
que compromete os cálculos
sobre a potência da bomba.
Controvérsia partidária
Com as eleições que renovarão em 7 de novembro a Câmara dos Deputados e metade do
Senado, republicanos e a oposição democrata procuram tirar
partido da bomba coreana.
Os republicanos acreditam
que o belicismo preventivo da
Casa Branca ganha uma nova
justificativa em razão da entrada no clube nuclear da Coréia
do Norte ("eixo do mal").
Dennis Hastert, presidente
republicano da Câmara, e John
Boehner, líder da maioria republicana no Congresso, distribuíram comunicados em que
ressaltam a importância de livrar os EUA da ameaça de armas de destruição em massa. A
política da Casa Branca se justificaria.
Mas Bob Einhorn, um dos
principais negociadores da administração Clinton, acusou a
intransigência de Bush em negociar com os norte-coreanos.
Com agências internacionais e Vinícius Queiroz
Galvão, de Nova York
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