São Paulo, segunda-feira, 11 de outubro de 2010

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Paramédicos decidirão ordem de subida

Especialistas em resgate também serão consultados; 8 mineiros mais saudáveis podem abrir caminho com a cápsula

"Na ascensão, podem sofrer baixas de pressão arterial, ter embolia pulmonar ou náuseas", diz ministro da Saúde

Juan Mabromata/France Presse
Na mina San José, em Copiapó, operários reforçam as paredes do poço de 53 cm de diâmetro pelo qual os mineiros soterrados há 67 dias serão içados

LAURA CAPRIGLIONE
ENVIADA ESPECIAL A COPIAPÓ (CHILE)

O clima festivo no acampamento Esperanza, agora vivendo a contagem regressiva para a libertação dos mineiros presos há 67 dias, não consegue esconder a ansiedade e a tensão em relação ao sucesso da operação de resgate, que pode começar na madrugada de amanhã.
Segundo o ministro da Saúde do Chile, Jaime Mañalich, a subida será feita sob condições de vibração intensa, que incluirão choques com as paredes de rocha viva e produção de faíscas.
Se os operadores do guindaste conseguirem manter a velocidade média em 1 metro por segundo (3,6 km/h), a "viagem" deve demorar 12 minutos. Parece fácil.
Mas o poço não foi escavado na vertical, como acontece em um elevador comum, e sim em um ângulo de 10º (para evitar possíveis desabamentos). Assim, será como se alguém subisse em um elevador com o poço "torto".
Para piorar, a ascensão acontecerá em condições claustrofóbicas -a cápsula de transporte tem só 53 cm de diâmetro e o ombro do mineiro mais largo mede 51 cm.
Some-se a isso o fato de que será esta a primeira vez em que um mineiro ficará só.
"Lá, apesar de tudo, eles estão sumamente protegidos, monitorados. Será a primeira vez que estarão sozinhos. Na ascensão, podem sofrer baixas de pressão arterial, ter embolia pulmonar, náuseas, podem desmaiar", disse Mañalich à Folha.
A chance de um mineiro dentro da Fênix desmaiar com a cápsula enganchada em alguma saliência da rocha é o terror da operação.
É que a Fênix compõe-se de dois módulos acoplados. O primeiro tem formato de proa, para abrir caminho, e é hermeticamente fechado.
O segundo módulo, o de baixo, é onde irá o passageiro. É nela que ficam as manoplas que comandam a desacoplagem dos dois módulos e a lenta descida do módulo habitado de volta à mina. Para isso, é essencial que o passageiro esteja lúcido.
Já está pronta uma lista de oito mineiros que podem ser os primeiros a subir. Eles têm de estar saudáveis e tecnicamente hábeis para informar pelos microfones sobre as dificuldades pelo. Devem ainda ter calma para, caso precisem, operar as manoplas.
Mas autoridades não querem impor uma lista, porque acreditam que isso poderia agravar o estresse da situação. Assim, esperam quatro desses oito se voluntariem para abrir o caminho.
A decisão final caberá aos paramédicos e especialistas em resgate que descerão até onde estão os mineiros, para fazer a avaliação final do quadro físico e psicológico.
"De nada adianta um homem dizer-se capaz de iniciar os trabalhos de resgate e, na hora agá, ele estar com 160 batimentos cardíacos por minuto", afirmou Mañalich.
O governo tem uma extensa lista de especialistas em resgate em minas para fazer essa avaliação final.
Entre os candidatos a descer na mina estão José Luís Villegas, chefe do Grupo de Operações Especiais da polícia de Atacama; Manuel González, da Codelco, estatal de cobre, 12 anos de experiência em resgate de minas; Eládio Cortez, também da Codelco, ex-bombeiro, 9 anos de resgate em minas; Roberto Ríos, enfermeiro e segundo sargento do Exército.
Jornais locais já os chamam de "heróis".


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