São Paulo, segunda-feira, 11 de outubro de 2010

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Euforia toma conta de famílias que seguem resgate

DA ENVIADA A COPIAPÓ

Ontem foi um domingão na mina San José.
Muitas famílias que vinham acompanhando de longe os trabalhos de resgate fizeram questão de subir até a mina. Pontualmente, às 10h da manhã, o ônibus fretado pelo Exército chileno saiu da praça da Intendência, a mais importante de Copiapó, onde fica a sede do governo de Atacama.
Lotação máxima, levava 43 familiares de mineiros presos, dois padres franciscanos, um poeta.
Todos os dias, o ônibus do Exército sai na mesma hora, da mesma praça, desde o desabamento, em 5 de agosto.
Apesar de, durante todo o período de trabalho das máquinas, as famílias tentarem manter alto o moral, o ônibus sempre ia em silêncio, enquanto passava por áreas de vinhedos e olivais, depois por montanhas de deserto seco, até chegar à mina.
Ontem as coisas estavam diferentes. Já dentro do ônibus, uma mulher chamou a amiga pelo telefone: "Como não vai para a mina? Você foi no período mais triste e sem esperança e não vai agora? Não aceito. Venha já."
Em cinco minutos, a amiga estava no ônibus com duas crianças. Trazia consigo uma sacola de doces para os filhos dos outros mineiros.
Quando o ônibus partiu, apresentou-se ao pessoal o mineiro aposentado Guillermo Oroya Carvajal.
Hoje professor e escritor, Carvajal aproveitou que ontem era domingo e que amanhã será feriado no Chile, para levar ao mineiros a poesia que compôs em homenagem a eles. O título, "Perdidos, nunca esquecidos."
Todo o ônibus se levantou para aplaudi-lo quando ele acabou de declamar a poesia, enquanto as mulheres enxugavam as lágrimas.
Ao descer do ônibus, já na mina, eram só alegria. (LC)


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