São Paulo, sábado, 11 de novembro de 2006

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ELEIÇÃO NOS EUA/ MUDANÇA DE RUMO

Bush apressa as votações antes do novo Congresso

Entre os textos há o que autoriza a escuta telefônica sem autorização judicial

Casa Branca também quer que senadores aprovem a nomeação de embaixador ONU; ele foi indicado por decreto há 15 meses

DA REDAÇÃO

O presidente George W. Bush quer submeter às pressas ao atual Congresso, em que os republicanos ainda são majoritários, projetos como o que legalizaria a escuta telefônica e o rastreamento de e-mails sem autorização judicial.
Os deputados e uma parte dos senadores terminam a atual legislatura em dezembro. Nas eleições da última terça os republicanos perderam a maioria na Câmara e no Senado. A Casa Branca terá maiores dificuldades em aprovar suas leis.
Bush também quer aprovar a indicação de John Bolton como embaixador americano nas Nações Unidas e a nomeação de Robert Gates, sucessor de Donald Rumsfeld no Pentágono.
A aprovação de Gates deverá ser a única iniciativa bem-sucedida nesse curto período de sessões. A escuta telefônica e o caso de Bolton -nomeado por decreto no recesso parlamentar do verão de 2005- são bem mais problemáticos.
A existência da espionagem telefônica e de mensagens eletrônicas foi revelada pelo "New York Times". A Agência de Segurança Nacional rastreava comunicações domésticas e aquelas de assinantes de telefone ou internautas americanos com algum estrangeiro.
O argumento de Bush era de que se tratava de uma ferramenta para monitorar o terrorismo, embora, como lembrou ontem o jornal que descobriu o mecanismo, o governo não fornecesse nenhuma prova de que "a ultrajante" iniciativa se associava à prevenção de um novo 11 de Setembro.
O vice-presidente Dick Cheney e o senador republicano Arlen Specter, que preside até dezembro a Comissão de Justiça do Senado, redigiram um projeto que daria amparo legal a essa forma de espionagem.
Mas o próprio Specter afirmou quarta-feira que as eleições provocaram "um terremoto dentro do Senado" e que as dificuldades para votar apressadamente o projeto de lei seriam agora bem maiores.
Quanto a Bolton, sua reputação de unilateralista não se confirmou dentro da ONU. Mas no Senado a atual bancada democrata e alguns republicanos o consideram um diplomata no mínimo problemático.
Ele foi acusado de mentir sobre a venda de urânio africano a Saddam Hussein, que nunca aconteceu, e tornou-se um adversário dos senadores democratas, que no ano passado obstruíram os trabalhos em plenário para que seu nome não fosse votado. Com o decreto, Bush atropelou a oposição.
A Casa Branca contava agora com senador republicano Lincoln Chafee para levar adiante a aprovação. Mas ele disse que o quadro mudou depois de terça, e que não se poderia ignorar a opinião dos americanos.
Em outro pacote menor, o Congresso em fim de mandato deverá garantir ao Executivo o fluxo de caixa para seu funcionamento até janeiro. Poderá também aprovar o acesso do Vietnã na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Não se sabe ainda quais os obstáculos para que o Senado ratifique o acordo nuclear que Bush assinou com a Índia, comprometendo-se a fornecer tecnologia para reatores civis. Aquele país tem a bomba atômica e não é signatário do Tratado de Não-Proliferação.


Com agências internacionais


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