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Presidente de Israel acena a palestinos e sírios
Em discurso no Senado brasileiro, Shimon Peres elogia o Brasil e afirma que política iraniana é um "perigo mundial"
Israelense, que hoje tem encontro marcado com Lula, propõe diálogo direto com a Síria e retorno de Mahmoud Abbas às negociações de paz
SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O presidente de Israel, Shimon Peres, lançou ontem em
Brasília mensagens conciliadoras aos governos palestino e sírio e, numa aparente operação
de sedução para convencer o
governo brasileiro a se distanciar do Irã, derramou-se em
elogios ao Brasil.
Discursando diante de um
plenário do Senado Federal lotado, Peres dirigiu-se diretamente ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP),
Mahmoud Abbas, pedindo que
recue da decisão de não se candidatar à reeleição em janeiro e
que volte às negociações. "Abu
Mazen [codinome de Abbas],
vamos retomar as conversas de
paz. Israel está disposto a fazer
concessões dolorosas."
A perspectiva de reatar o
diálogo, emperrado desde os ataques de Israel na faixa de Gaza,
em dezembro e janeiro, ficou
ainda mais distante depois que
Abbas retirou sua candidatura
à reeleição em protesto contra
a recusa do premiê e chefe de
governo israelense, Binyamin
Netanyahu, em congelar as colônias na Cisjordânia.
Peres também apelou a Bashar Assad, ditador da Síria, com
quem Israel está tecnicamente
em guerra desde 1967 e que exige a devolução das colinas de
Golã: "Chamo o presidente Assad a entrar em negociações diretas e imediatas".
O aceno a Damasco sinaliza a
disposição de não contar mais
com a mediação da Turquia
-reflexo da deterioração das
relações israelo-turcas após a
ofensiva em Gaza.
As menções a palestinos e sírios destoou do tom em relação
ao presidente do Irã, Mahmoud
Ahmadinejad, que questiona o
Holocausto e defende que Israel seja varrido do mapa. "Não
quero discutir em território
brasileiro com o presidente do
Irã, mas achamos que a política
dele é um perigo mundial", afirmou Peres, que hoje tentará
convencer pessoalmente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a se afastar de Ahmadinejad,
cuja visita a Brasília está agendada para o próximo dia 23.
A preocupação com o que Israel chama de "infiltração iraniana" na América Latina é o
tema central dos cinco dias de
visita de Peres ao Brasil, antes
de seguir para a Argentina.
Israel teme que o Irã use as
boas relações com o Brasil para
romper seu isolamento diplomático e legitimar seu controverso programa de energia atômica, suspeito de ter fins militares -o que Teerã nega.
O embaixador do Irã em Brasília, Mohsen Shaterzadeh,
chamou ontem a imprensa para dizer que "Israel tem um regime criminoso e invasor" e insistir em que Brasil e Irã "trabalham juntos pela paz".
Peres disse que "a voz clara e
positiva do Brasil tem um eco
muito forte no mundo inteiro".
Ele agradeceu o Brasil por abrir
as fronteiras aos sobreviventes
do Holocausto e por ter presidido a sessão do Conselho de Segurança da ONU que decretou
a criação de Israel, em 1947.
Peres disse que "o Brasil era
um sonho e hoje é realidade" e
afirmou que os brasileiros são
um povo "que sabe sonhar,
amar e dançar".
Leia coluna de Clóvis Rossi
sobre a visita de Peres
www.folha.com.br/0931410
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