São Paulo, quarta-feira, 11 de novembro de 2009

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Presidente de Israel acena a palestinos e sírios

Em discurso no Senado brasileiro, Shimon Peres elogia o Brasil e afirma que política iraniana é um "perigo mundial"

Israelense, que hoje tem encontro marcado com Lula, propõe diálogo direto com a Síria e retorno de Mahmoud Abbas às negociações de paz


SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O presidente de Israel, Shimon Peres, lançou ontem em Brasília mensagens conciliadoras aos governos palestino e sírio e, numa aparente operação de sedução para convencer o governo brasileiro a se distanciar do Irã, derramou-se em elogios ao Brasil.
Discursando diante de um plenário do Senado Federal lotado, Peres dirigiu-se diretamente ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, pedindo que recue da decisão de não se candidatar à reeleição em janeiro e que volte às negociações. "Abu Mazen [codinome de Abbas], vamos retomar as conversas de paz. Israel está disposto a fazer concessões dolorosas."
A perspectiva de reatar o diálogo, emperrado desde os ataques de Israel na faixa de Gaza, em dezembro e janeiro, ficou ainda mais distante depois que Abbas retirou sua candidatura à reeleição em protesto contra a recusa do premiê e chefe de governo israelense, Binyamin Netanyahu, em congelar as colônias na Cisjordânia.
Peres também apelou a Bashar Assad, ditador da Síria, com quem Israel está tecnicamente em guerra desde 1967 e que exige a devolução das colinas de Golã: "Chamo o presidente Assad a entrar em negociações diretas e imediatas". O aceno a Damasco sinaliza a disposição de não contar mais com a mediação da Turquia -reflexo da deterioração das relações israelo-turcas após a ofensiva em Gaza.
As menções a palestinos e sírios destoou do tom em relação ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que questiona o Holocausto e defende que Israel seja varrido do mapa. "Não quero discutir em território brasileiro com o presidente do Irã, mas achamos que a política dele é um perigo mundial", afirmou Peres, que hoje tentará convencer pessoalmente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a se afastar de Ahmadinejad, cuja visita a Brasília está agendada para o próximo dia 23.
A preocupação com o que Israel chama de "infiltração iraniana" na América Latina é o tema central dos cinco dias de visita de Peres ao Brasil, antes de seguir para a Argentina. Israel teme que o Irã use as boas relações com o Brasil para romper seu isolamento diplomático e legitimar seu controverso programa de energia atômica, suspeito de ter fins militares -o que Teerã nega.
O embaixador do Irã em Brasília, Mohsen Shaterzadeh, chamou ontem a imprensa para dizer que "Israel tem um regime criminoso e invasor" e insistir em que Brasil e Irã "trabalham juntos pela paz". Peres disse que "a voz clara e positiva do Brasil tem um eco muito forte no mundo inteiro".
Ele agradeceu o Brasil por abrir as fronteiras aos sobreviventes do Holocausto e por ter presidido a sessão do Conselho de Segurança da ONU que decretou a criação de Israel, em 1947. Peres disse que "o Brasil era um sonho e hoje é realidade" e afirmou que os brasileiros são um povo "que sabe sonhar, amar e dançar".

Leia coluna de Clóvis Rossi sobre a visita de Peres

www.folha.com.br/0931410


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