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Paquistão critica apoio dos EUA à Índia
Governo paquistanês reclama de campanha de Obama para rival assumir cadeira no Conselho de Segurança
Disputa entre os dois vizinhos, que possuem a bomba nuclear, remete a 1947 e inclui disputa territorial na Caxemira
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Após a China afirmar que
"entende e apoia" a intenção
da Índia de integrar o Conselho de Segurança da ONU como país-membro permanente, o Paquistão se disse ontem "preocupado e decepcionado" com o apoio expresso
pelos EUA à possibilidade.
"É incompreensível que os
EUA tenham decidido apoiar
a Índia, cujas credenciais para o cumprimento dos princípios da Carta da ONU e a lei
internacional são questionáveis", afirmou o Paquistão.
Islamabad contestou principalmente a suposta "desatenção" de Nova Déli às resoluções da ONU sobre a Caxemira, região na fronteira bilateral cuja parte indiana, que
tem maioria muçulmana, é
reivindicada pelo Paquistão.
"[A Índia] realiza violações
sistemáticas dos direitos humanos da população da Caxemira", disse o comunicado. "A decisão tem repercussões para a paz, a segurança
e a estabilidade, particularmente no sul da Ásia."
A disputa pelo território remete a 1947, quando os dois
países, hoje potências atômicas, obtiveram suas independências de Londres, e provocou 2 das 3 guerras travadas
pelos vizinhos desde então.
A Índia acusa o Paquistão
de fomentar grupos separatistas surgidos na região no
final dos anos 80, e os conflitos são uma constante. Estima-se que 68 mil pessoas tenham morrido na Caxemira.
Desde 2008 os vizinhos estão com relações congeladas
devido aos ataques terroristas a Mumbai, que deixaram
166 mortos. Nova Déli acusa
Islamabad de estar por trás
dos ataques, promovidos por
radicais islâmicos baseados
em território paquistanês.
Já a relação de EUA e Índia
incomoda o Paquistão desde
2005, quando os países firmaram acordo de cooperação nuclear civil que reconhece Nova Déli como potência atômica não signatária do
Tratado de Não Proliferação.
APOIO DOS EUA
O apoio americano à inclusão da Índia como membro
permanente do Conselho de
Segurança foi anunciado na
última segunda pelo presidente Barack Obama, durante sua viagem a Nova Déli.
A iniciativa foi recebida
como uma tentativa dos EUA
de reforçar as relações bilaterais com um país considerado estratégico pelo seu mercado interno e por representar um contraponto à China.
Diferentemente do Paquistão, a China -outra rival da
Índia e com um histórico de
contenciosos bilaterais- encarou o apoio dos EUA com
uma aparente naturalidade.
Anteontem, Pequim optou
pela diplomacia ao dizer que
"valoriza o papel da Índia em
assuntos internacionais e entende e apoia a pretensão do
país de ter uma participação
maior na ONU", além de defender a "reforma razoável e
necessária" do conselho.
A China é atualmente 1 dos
5 membros permanentes do
conselho, responsável pela
paz e a segurança internacionais, junto com Rússia, Reino Unido, EUA e França.
A Índia integra o G4 -com
Brasil, Alemanha e Japão-,
na linha de frente para se tornarem membros permanentes numa eventual reforma.
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