São Paulo, quinta-feira, 11 de novembro de 2010

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Paquistão critica apoio dos EUA à Índia

Governo paquistanês reclama de campanha de Obama para rival assumir cadeira no Conselho de Segurança

Disputa entre os dois vizinhos, que possuem a bomba nuclear, remete a 1947 e inclui disputa territorial na Caxemira

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Após a China afirmar que "entende e apoia" a intenção da Índia de integrar o Conselho de Segurança da ONU como país-membro permanente, o Paquistão se disse ontem "preocupado e decepcionado" com o apoio expresso pelos EUA à possibilidade.
"É incompreensível que os EUA tenham decidido apoiar a Índia, cujas credenciais para o cumprimento dos princípios da Carta da ONU e a lei internacional são questionáveis", afirmou o Paquistão.
Islamabad contestou principalmente a suposta "desatenção" de Nova Déli às resoluções da ONU sobre a Caxemira, região na fronteira bilateral cuja parte indiana, que tem maioria muçulmana, é reivindicada pelo Paquistão.
"[A Índia] realiza violações sistemáticas dos direitos humanos da população da Caxemira", disse o comunicado. "A decisão tem repercussões para a paz, a segurança e a estabilidade, particularmente no sul da Ásia."
A disputa pelo território remete a 1947, quando os dois países, hoje potências atômicas, obtiveram suas independências de Londres, e provocou 2 das 3 guerras travadas pelos vizinhos desde então.
A Índia acusa o Paquistão de fomentar grupos separatistas surgidos na região no final dos anos 80, e os conflitos são uma constante. Estima-se que 68 mil pessoas tenham morrido na Caxemira.
Desde 2008 os vizinhos estão com relações congeladas devido aos ataques terroristas a Mumbai, que deixaram 166 mortos. Nova Déli acusa Islamabad de estar por trás dos ataques, promovidos por radicais islâmicos baseados em território paquistanês.
Já a relação de EUA e Índia incomoda o Paquistão desde 2005, quando os países firmaram acordo de cooperação nuclear civil que reconhece Nova Déli como potência atômica não signatária do Tratado de Não Proliferação.

APOIO DOS EUA
O apoio americano à inclusão da Índia como membro permanente do Conselho de Segurança foi anunciado na última segunda pelo presidente Barack Obama, durante sua viagem a Nova Déli.
A iniciativa foi recebida como uma tentativa dos EUA de reforçar as relações bilaterais com um país considerado estratégico pelo seu mercado interno e por representar um contraponto à China.
Diferentemente do Paquistão, a China -outra rival da Índia e com um histórico de contenciosos bilaterais- encarou o apoio dos EUA com uma aparente naturalidade.
Anteontem, Pequim optou pela diplomacia ao dizer que "valoriza o papel da Índia em assuntos internacionais e entende e apoia a pretensão do país de ter uma participação maior na ONU", além de defender a "reforma razoável e necessária" do conselho.
A China é atualmente 1 dos 5 membros permanentes do conselho, responsável pela paz e a segurança internacionais, junto com Rússia, Reino Unido, EUA e França.
A Índia integra o G4 -com Brasil, Alemanha e Japão-, na linha de frente para se tornarem membros permanentes numa eventual reforma.


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