|
Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros
EUA respondem bem a reformas cubanas
Valenzuela, do Departamento de Estado, diz que mudanças anunciadas anteontem são bons "passos iniciais'
Congresso do Partido Comunista no ano que vem deve acabar com subsídio de alimentos, entre outros pontos
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
O governo dos EUA vê com
"bons olhos" o plano de reformas econômicas anunciado por Cuba e considera as
medidas "passos iniciais no
que deve ser uma mudança
política e econômica".
"Vemos que essas possíveis mudanças econômicas
poderiam responder a desafios importantes de Cuba,
que está passando por uma
crise muito forte. Poderiam
apontar na direção de uma
guinada importante na política econômica", disse Arturo Valenzuela, número 1 do
Departamento de Estado para América Latina.
É a primeira reação de
Washington ao documento
do governo Raúl Castro, divulgado anteontem, que lança diretrizes para "atualização do modelo socialista".
O texto propõe o fim da "libreta de racionamento" -a
caderneta com cota familiar
de produtos subsidiados em
vigor há quase cinco décadas- e o descongelamento
do mercado imobiliário.
Estabelece como meta um
anseio antigo de Havana: eliminar o esquema de dualidade monetária que vigora desde 1993, auge da crise pós-fim da URSS.
Pelo sistema, circulam
duas moedas: o peso cubano, que paga salários, e o peso conversível, que vale mais
que o dólar e compra a maioria dos produtos.
Também propõe uma autonomia relativa de empresas estatais.
CARTA DE INTENÇÕES
Economistas e analistas
dentro e fora da ilha fizeram
elogios cautelosos ao plano.
O conjunto de medidas,
considerado correto, mas
pouco ousado em termos de
profundidade e velocidade,
não teria força suficiente para desatar o nó econômico.
Um dos objetivos das mudanças é tentar sair do ciclo
de baixa produtividade/baixos salários.
A debacle provocou queda
real do salários e pensões de
70%, nunca recuperada, e
um funcionalismo inflado.
Para tal, a principal medida já está em marcha: o corte
de custos, com a demissão de
500 mil funcionários públicos e, paralelamente, o incentivo a atividades autônomas e pequenos negócios.
O fim da artificial política
de "pleno emprego" diferencia as reformas de agora das
dos anos 90. Para a estratégia
ter resultado, porém, a economia precisa de um "choque positivo de demanda"
que não está no horizonte,
diz o economista da Universidade de Havana Pavel Vidal
Alejandro.
"A economia e a política
fiscal não estão em condição
de propiciar [o choque] neste
momento", escreveu, em um
artigo para a revista católica
de debates "Espacio Laical".
Texto Anterior: Foco: Imigrantes fazem greve de fome em guindaste na Itália Índice | Comunicar Erros
|