São Paulo, quinta-feira, 11 de novembro de 2010

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EUA respondem bem a reformas cubanas

Valenzuela, do Departamento de Estado, diz que mudanças anunciadas anteontem são bons "passos iniciais'

Congresso do Partido Comunista no ano que vem deve acabar com subsídio de alimentos, entre outros pontos

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

O governo dos EUA vê com "bons olhos" o plano de reformas econômicas anunciado por Cuba e considera as medidas "passos iniciais no que deve ser uma mudança política e econômica".
"Vemos que essas possíveis mudanças econômicas poderiam responder a desafios importantes de Cuba, que está passando por uma crise muito forte. Poderiam apontar na direção de uma guinada importante na política econômica", disse Arturo Valenzuela, número 1 do Departamento de Estado para América Latina.
É a primeira reação de Washington ao documento do governo Raúl Castro, divulgado anteontem, que lança diretrizes para "atualização do modelo socialista".
O texto propõe o fim da "libreta de racionamento" -a caderneta com cota familiar de produtos subsidiados em vigor há quase cinco décadas- e o descongelamento do mercado imobiliário.
Estabelece como meta um anseio antigo de Havana: eliminar o esquema de dualidade monetária que vigora desde 1993, auge da crise pós-fim da URSS.
Pelo sistema, circulam duas moedas: o peso cubano, que paga salários, e o peso conversível, que vale mais que o dólar e compra a maioria dos produtos.
Também propõe uma autonomia relativa de empresas estatais.

CARTA DE INTENÇÕES
Economistas e analistas dentro e fora da ilha fizeram elogios cautelosos ao plano.
O conjunto de medidas, considerado correto, mas pouco ousado em termos de profundidade e velocidade, não teria força suficiente para desatar o nó econômico.
Um dos objetivos das mudanças é tentar sair do ciclo de baixa produtividade/baixos salários.
A debacle provocou queda real do salários e pensões de 70%, nunca recuperada, e um funcionalismo inflado.
Para tal, a principal medida já está em marcha: o corte de custos, com a demissão de 500 mil funcionários públicos e, paralelamente, o incentivo a atividades autônomas e pequenos negócios.
O fim da artificial política de "pleno emprego" diferencia as reformas de agora das dos anos 90. Para a estratégia ter resultado, porém, a economia precisa de um "choque positivo de demanda" que não está no horizonte, diz o economista da Universidade de Havana Pavel Vidal Alejandro.
"A economia e a política fiscal não estão em condição de propiciar [o choque] neste momento", escreveu, em um artigo para a revista católica de debates "Espacio Laical".


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