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FHC diz identificar-se com De la Rúa
AUGUSTO GAZIR
enviado especial a Buenos Aires
Depois de uma década de governo Carlos Menem, o presidente Fernando Henrique Cardoso
afirmou que tem mais afinidade
com o "estilo" sóbrio do novo
presidente da Argentina, Fernando de la Rúa, do que com o de Menem. FHC chegou a chamar o ex-presidente de "artista".
Ao sair da Casa Rosada ontem,
depois da posse de De la Rúa,
FHC elogiou o discurso do novo
presidente sobre austeridade fiscal, o ajuste na Argentina e o combate ao déficit na região.
Ele defendeu o governo Menem, muito criticado por De la
Rúa durante o discurso. Mas disse
que seu "estilo pessoal" parece
com o do novo colega, tido na Argentina como mal-humorado.
"(De la Rúa) é professor, é menos espetacular do que o presidente Menem, que é quase um artista, um homem que empolga as
massas", afirmou FHC.
Menem já posou para fotos com
a banda de rock britânica Rolling
Stones, dança tango em recepções
oficiais e, na última visita ao Brasil, foi ao circo.
Segundo Fernando Henrique
Cardoso, a impopularidade atual
de Menem é eventual. "O que
conta é a história. Menem mudou
a história da Argentina."
FHC disse não querer ser "pretensioso" a ponto de afirmar que
vai mudar a história do Brasil.
"Vou fazer o que puder para que o
país fique melhor."
Indagado sobre os possíveis
efeitos negativos da reeleição na
popularidade, ele afirmou que a
reeleição é "uma questão da necessidade do país naquele momento", não é algo "que vale apenas para cada um".
Déficit
Fernando Henrique disse que o
novo governo De la Rúa terá de
tomar as medidas fiscais adotadas
pelo Brasil. "Avançamos muito
neste ano no ajuste econômico."
Segundo o presidente, todos os
governos hoje têm de cuidar do
déficit. "Quem não entende isso
está fora da realidade."
"Quem quiser realmente ajudar
o povo, seu país, tem de fazer o
ajuste fiscal para combater o déficit, para poder haver crescimento
e evitar inflação", completou.
Para ele, o déficit público é "inimigo do povo".
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