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EUROPA
Primeiro-ministro italiano, que dizia ser alvo de "caça às bruxas", é inocentado de uma acusação e tem outra prescrita
Berlusconi é absolvido em caso de corrupção
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro italiano,
Silvio Berlusconi, 69, foi ontem
absolvido em Milão em processo
por corrupção de magistrado. Os
juízes encontraram fundamento
em outra acusação semelhante,
mas a arquivaram porque, segundo eles, ela estava prescrita.
O Ministério Público, que havia
pedido pena de oito anos de prisão para o premiê, poderá ainda
recorrer. Mas são procedimentos
de alguns anos, o que, por enquanto, não afeta o gabinete de
centro-direita liderado pelo magnata da mídia italiana, visto como
o homem mais rico da Europa.
Berlusconi não estava no tribunal no momento em que a sentença de absolvição foi lida. Pouco
depois, em Roma, reagiu aliviado
e laconicamente. "Antes tarde do
que nunca", afirmou em nota.
A decisão de ontem "fecha um
ciclo de dez anos de julgamentos",
disse Niccolo Ghedini, um dos advogados do premiê.
A acidentada ascensão de Berlusconi como homem de negócios já havia custado a ele três
condenações em primeira instância. Ele obteve ganho de causa ao
recorrer das sentenças, que totalizariam seis anos e meio de prisão.
Francesco Castellano, que presidia a câmara milanesa do julgamento de ontem, tinha em mãos
um caso intrincado.
Tratava-se da compra e venda,
nos anos 80, da SME, estatal da
produção de alimentos e subsidiária da IRI. Segundo a promotoria, Berlusconi, por meio de sua
empresa, a Fininvest, subornou o
juiz Filippo Verde para que a empresa não fosse adquirida por
Carlo de Benedetti, um outro milionário italiano e seu rival.
Em 1984, a venda da SME a Benedetti foi sustada, em benefício
de um consórcio do qual Berlusconi fazia parte. A estatal, finalmente segmentada, foi vendida
em empresas menores, com grande lucro ao consórcio.
Havia no processo uma segunda acusação, a de que, paralelamente a esse caso, o atual premiê
também entregara, em 1991, US$
433 mil a um juiz romano, Renato
Squillante, que o favoreceria.
A sentença lida ontem por Castellano absolveu o premiê no caso
da SME e, embora reconhecesse o
fundamento da acusação, tornou
prescrita a acusação de compra
desse segundo juiz.
Em processo do ano passado,
um dos ex-advogados de Berlusconi, Cesare Previti, também seu
ministro da Defesa em 1994, foi
condenado por corrupção em razão dos mesmos US$ 433 mil. Previti foi condenado a cinco anos, e
Squillante, a oito. Ambos recorreram e aguardam julgamento em
instância superior. O juiz Filippo
Verde foi absolvido. O jornal britânico "Daily Telelgraph" calcula
que Berlusconi tenha uma fortuna de US$ 11 bilhões.
O fato de o premiê ter-se beneficiado de prescrição provocou reações na oposição de esquerda. O
socialista Luciano Violante disse
que "não houve uma absolvição
de mérito". O comunista Oliviero
Diliberto disse que o nome de
Berlusconi continua sob suspeita.
O premiê sempre argumentou
ser inocente e estar sendo vítima
de uma maquinação politicamente motivada, de uma "caça às bruxas".
Seus problemas com a Justiça
foram interrompidos quando o
Parlamento aprovou neste ano lei
que dava imunidade judicial aos
premiês. Mas a lei foi considerada
ilegal pela Corte Constitucional.
Com agências internacionais
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