São Paulo, sábado, 11 de dezembro de 2010

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Polícia investiga manifestação em Londres

Violência contra carro que levava príncipe e Camilla provoca choque no Reino Unido

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

O Reino Unido se perguntava ontem: por que a polícia não consegue conter os protestos dos estudantes? Por que tanta violência da polícia e dos universitários? Como chegaram tão perto do príncipe Charles e de sua mulher, Camilla Parker Bowles?
A polícia abriu investigação para tentar apurar o que deu errado anteontem, quando mais um protesto contra o aumento da anuidade das universidades resultou em prédios públicos depredados, cerco ao Rolls-Royce do príncipe e um estudante com traumatismo craniano.
O que causou mais surpresa foi o ataque ao carro que levava o príncipe. Bateram nos vidros, atiraram tintas e gritaram "corte as cabeças".
A ação contra a realeza aconteceu de repente. O casal real ia para um teatro na região central. Passavam pela rua Regent, onde muitos faziam compras de Natal.
A princípio, Charles pensou que fossem curiosos e acenou para eles. Camilla estava com a janela aberta.
Dai Davies, ex-chefe da segurança da família real, afirmou que uma tragédia não aconteceu por pouco. "Alguns manifestantes tinham garrafas com combustível. Se tivessem jogado uma dessas garrafas contra o carro, um dos policiais que faziam a segurança teria atirado. Imagina o que seria isso numa rua lotada de pessoas..."
A polícia e os responsáveis pela segurança do príncipe dizem que não houve erro, que o caminho já havia sido checado e que o ataque era impossível de prever.
Mas especialistas em segurança afirmam que foi um erro usar aquele tipo de carro (o Rolls-Royce não é à prova de bala) num dia de protestos.
Ao sair do teatro, o casal real usou um camburão blindado da polícia.

ANTECEDENTES
Essa foi a quarta manifestação de estudantes em um mês. Eles protestam contra o projeto do governo, aprovado anteontem na Câmara dos Comuns, que aumenta o limite que as universidades podem cobrar dos alunos.
Hoje, está fixado em 3.200 libras por ano (R$ 8.700). Irá para 9.000 libras (R$ 23.700).
O primeiro protesto, no dia 10 de novembro, reuniu cerca de 50 mil pessoas.
A polícia londrina não esperava tantas pessoas nas ruas e mandou poucos policiais para monitorá-las.
Resultado: quebraram a entrada do prédio onde fica a sede do Partido Conservador.
Os outros dois foram mais pacíficos. Havia muito mais policiais e eles utilizaram uma técnica chamada de "kettling", quando cercam os manifestantes e impedem que eles deixem o local.
Na manifestação de quinta-feira, os estudantes tentaram espalhar os protestos, tentando impedir o "kettling". Mesmo assim muitos ficaram contidos na praça do Parlamento, onde acontecia a votação do projeto que aumenta as anuidades.
Os estudantes ingleses já preparam um novo dia de protesto contra o aumento das anuidades, que deve acontecer em janeiro.


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