São Paulo, Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2000


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DIREITOS HUMANOS
Segundo grupo dissidente, aumentou o número de presos políticos no país no ano passado
Cresce repressão política em Cuba

Associated Press - 15.nov.99
O dissidente Elizardo Sánchez, cujo grupo divulgou relatório


das agências internacionais

Um total de 344 pessoas estão presas por motivos políticos em Cuba, 20 a mais que o número de presos políticos identificados no primeiro semestre de 1999, afirma um relatório da dissidência cubana levado a público em Havana.
"A situação dos direitos civis e políticos em Cuba piorou durante o ano passado em comparação ao ano de 1998", diz o informe da ilegal, porém tolerada, CCDHR (Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação).
Segundo o líder da comissão, Elizardo Sánchez, a piora se dá porque "não se produziram liberações de presos significativas e aumentou o número de prisões durante o ano passado em ondas de repressão das mais amplas da década".
Junto a isso, um relatório da organização internacional de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional denuncia que o governo cubano se nega a dar medicamentos a presos políticos doentes, como forma de puni-los.
A última grande liberação de presos políticos no país ocorreu depois da visita do papa João Paulo 2º, no começo de 1998. Mais de cem foram liberados como um gesto de boa vontade da liderança cubana em relação ao Vaticano, crítico do governo de Havana.
Sánchez, que já foi preso cinco vezes, é tido como moderado, pois defende a transição do regime, mas não o fim do socialismo.
Em novembro, ele ganhou maior notoriedade por se encontrar com autoridades de diversos países, entre eles Brasil, México, Espanha e Portugal, que estavam em Havana para a 9ª Cúpula Ibero-Americana.
Cuba tem um regime comunista de partido único desde 1961, quando o governo adotou oficialmente o modelo. O movimento liderado por Fidel Castro derrubou a ditadura de Fulgêncio Batista em 1959. O governo afirma que permite oposição, mas só dentro da estrutura partidária vigente.
Segundo Castro, os oposicionistas são "mercenários pagos pelos EUA". Os norte-americanos impõem um embargo econômico a Cuba desde 1962.
Segundo a organização, durante a realização da Cúpula Ibero-Americana "ao menos 121 opositores pacíficos ao regime foram detidos, e outros cem sofreram restrições de movimento. No mês seguinte à realização da cúpula, dezembro, os presos passaram a 141, e os que sofreram restrições de movimento, a 96.
"Dos 262 presos entre novembro e dezembro, um total de 17 passaram o Natal e o Ano Novo na prisão, onde continuam até agora", diz o relatório, que foi atualizado até o último domingo.
"O número de presos políticos tinha diminuído há alguns anos. A piora começou a se dar ano passado", afirmou Sánchez.


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