São Paulo, Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2000


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SEM PREPARO
Exército colombiano quer se modernizar

LARRY ROHTER
do "The New York Times", em Bogotá

O Exército colombiano, que passou a maior parte dos últimos anos sendo pego de surpresa por ataques realizados pelas guerrilhas existentes no país, quer se transformar numa força que possa se defender das ofensivas dos guerrilheiros e dos traficantes de droga, segundo dizem militares da Colômbia.
Para atingir esse objetivo, no entanto, serão necessários milhões de dólares e muitos anos, afirmam os militares, mesmo com a ajuda que a Colômbia já recebe dos Estados Unidos.
"O Exército colombiano é basicamente de quartel, não está organizado para enfrentar as guerrilhas", afirma o embaixador norte-americano no país entre 1994 e 97, Myles Frachette.
No papel, o Exército colombiano aparenta ser bem mais poderoso do que as guerrilhas. Possui 104 mil soldados, enquanto a guerrilha marxista Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), a maior de todas, tem 15 mil integrantes.
No entanto, atualmente, as guerrilhas já possuem o controle de 40% do território do país.
Parte do problema, para alguns militares, é que a lei colombiana proíbe que jovens com o segundo grau completo participem de combates. Por esse motivo, cerca de 36 mil jovens soldados são desperdiçados.
Outros 39 mil servem ao Exército por dois anos, tempo considerado curto para que sejam colocados em combate. O resultado disso é que 1 em cada 8 soldados está fora do campo de batalha, segundo estudo do governo.
O ministro da Defesa, Luis Fernando Ramirez, afirmou que para solucionar esse problema o governo elevará o número de soldados para 150 mil e, ao mesmo tempo, reduzirá o percentual de jovens com o segundo grau completo. Isso, segundo ele, demorará anos, pois o governo não tem dinheiro e não pode pedir para que os Estados Unidos paguem os salários dos soldados colombianos.
Segundo Alfredo Rangel Suarez, autor do livro "Colômbia: Guerra no Final do Século", "a informação é um dos pontos em que o Exército do país leva maior desvantagem em relação as guerrilhas. As Forças Armadas demonstram pouca capacidade de localizar as áreas onde as guerrilhas estão baseadas e identificar seus movimentos. Desse modo, os ataques guerrilheiros quase sempre são uma surpresa para o Exército".
O governo dos Estados Unidos já começou a ajudar à Colômbia nesse sentido. De acordo com Frachette, porém, o auxílio norte-americano é muitas vezes inócuo, pois a parafernália eletrônica, como interceptadores de comunicação, que os EUA colocam à disposição dos colombianos, não tem demonstrado muita eficácia contra as guerrilhas.
De acordo com o general Fernando Tapias, da Colômbia, o governo de seu país possui fotografias de guerrilheiros conversando em sofisticados telefones celulares via satélite. O militar chega a afirmar que os guerrilheiros possuem um sistema de comunicação superior ao do Exército.
Os militares colombianos conversam uns com os outros por meio de um sistema vulnerável a ataques das guerrilhas.


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