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SEM PREPARO
Exército colombiano quer se modernizar
LARRY ROHTER
do "The New York Times", em Bogotá
O Exército colombiano, que
passou a maior parte dos últimos
anos sendo pego de surpresa por
ataques realizados pelas guerrilhas existentes no país, quer se
transformar numa força que possa se defender das ofensivas dos
guerrilheiros e dos traficantes de
droga, segundo dizem militares
da Colômbia.
Para atingir esse objetivo, no
entanto, serão necessários milhões de dólares e muitos anos,
afirmam os militares, mesmo
com a ajuda que a Colômbia já recebe dos Estados Unidos.
"O Exército colombiano é basicamente de quartel, não está organizado para enfrentar as guerrilhas", afirma o embaixador norte-americano no país entre 1994 e
97, Myles Frachette.
No papel, o Exército colombiano aparenta ser bem mais poderoso do que as guerrilhas. Possui
104 mil soldados, enquanto a
guerrilha marxista Farc (Forças
Armadas Revolucionárias da Colômbia), a maior de todas, tem 15
mil integrantes.
No entanto, atualmente, as
guerrilhas já possuem o controle
de 40% do território do país.
Parte do problema, para alguns
militares, é que a lei colombiana
proíbe que jovens com o segundo
grau completo participem de
combates. Por esse motivo, cerca
de 36 mil jovens soldados são
desperdiçados.
Outros 39 mil servem ao Exército por dois anos, tempo considerado curto para que sejam colocados em combate. O resultado
disso é que 1 em cada 8 soldados
está fora do campo de batalha, segundo estudo do governo.
O ministro da Defesa, Luis Fernando Ramirez, afirmou que para solucionar esse problema o governo elevará o número de soldados para 150 mil e, ao mesmo
tempo, reduzirá o percentual de
jovens com o segundo grau completo. Isso, segundo ele, demorará anos, pois o governo não tem
dinheiro e não pode pedir para
que os Estados Unidos paguem
os salários dos soldados colombianos.
Segundo Alfredo Rangel Suarez, autor do livro "Colômbia:
Guerra no Final do Século", "a informação é um dos pontos em
que o Exército do país leva maior
desvantagem em relação as guerrilhas. As Forças Armadas demonstram pouca capacidade de
localizar as áreas onde as guerrilhas estão baseadas e identificar
seus movimentos. Desse modo,
os ataques guerrilheiros quase
sempre são uma surpresa para o
Exército".
O governo dos Estados Unidos
já começou a ajudar à Colômbia
nesse sentido. De acordo com
Frachette, porém, o auxílio norte-americano é muitas vezes inócuo,
pois a parafernália eletrônica, como interceptadores de comunicação, que os EUA colocam à disposição dos colombianos, não
tem demonstrado muita eficácia
contra as guerrilhas.
De acordo com o general Fernando Tapias, da Colômbia, o governo de seu país possui fotografias de guerrilheiros conversando
em sofisticados telefones celulares via satélite. O militar chega a
afirmar que os guerrilheiros possuem um sistema de comunicação superior ao do Exército.
Os militares colombianos conversam uns com os outros por
meio de um sistema vulnerável a
ataques das guerrilhas.
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