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GUERRA NA TCHETCHÊNIA
Contra-ataque rebelde levanta dúvida sobre êxito da ofensiva
Revés militar é criticado na Rússia
das agências internacionais
O inesperado contra-ataque rebelde do último final de semana
fez surgir ontem, na mídia russa,
as primeiras comparações com a
frustrada guerra de 1994-96 no
território, quando Moscou teve
de retirar suas tropas, permitindo
a autonomia tchetchena.
O diário "Nezavisimaia Gazeta"
disse que "pela primeira vez essa
nova guerra lembra os eventos do
conflito de 94-96".
A emissora NTV informou que
as forças russas, "sobre pressão
do Kremlin para obter rápidos
progressos na ofensiva", falharam
em não fazer uma "operação de
limpeza em Argun e Shali", permitindo que estes locais ficassem
vulneráveis.
As cidades de Argun e Shali foram os principais alvos da contra-ofensiva tchetchena, que provocou a morte de 26 soldados russos. Ontem, Moscou informou ter
reconquistado o controle nos dois
locais. Um porta-voz rebelde admitiu a saída das cidades, dizendo
que o objetivo não é estabelecer
bases, que seriam alvos fáceis.
A guerrilha tchetchena também
disse que quebrou o cerco a Grozni, a capital, abrindo um corredor
na parte sudoeste da cidade que
permite o transporte de armas e
suprimentos.
O comandante das tropas russas na Tchetchênia, Vladimir Karantzev, admitiu erros na condução da campanha. Segundo ele, os
soldados foram "ingênuos" e permitiram a infiltração de rebeldes
em áreas sob domínio russo.
Karantzev disse que a partir de
agora todas as pessoas do sexo
masculino com idades entre 11 e
60 anos poderão ser detidas para
questionamentos.
A guerra, que no começo era dirigida ao combate a supostos terroristas islâmicos, virou uma
questão de manutenção da integridade territorial russa e é o principal fator da eleição presidencial,
que acontecerá dia 26 de março.
O presidente em exercício, Vladimir Putin, que é candidato, disparou na preferência do eleitorado com os sucessos iniciais da
ofensiva. Uma eventual repetição
do fracasso militar de 94-96, no
entanto, poderia prejudicar sua
candidatura.
Mas Putin conta também com a
recuperação da economia. Dados
do governo russo apontam que o
país deve ter registrado um crescimento de 1,5% do PIB (Produto
Interno Bruto) em 99, o primeiro
resultado positivo desde 1991. Em
98, o PIB russo apresentou uma
contração de 5%.
Apesar disso, o número de pessoas vivendo abaixo da linha de
pobreza aumentou em 10 milhões
em 99. Cerca de 50 milhões dos
147 milhões de russos se situam
nesta faixa.
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