São Paulo, Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2000


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GUERRA NA TCHETCHÊNIA
Contra-ataque rebelde levanta dúvida sobre êxito da ofensiva
Revés militar é criticado na Rússia


das agências internacionais

O inesperado contra-ataque rebelde do último final de semana fez surgir ontem, na mídia russa, as primeiras comparações com a frustrada guerra de 1994-96 no território, quando Moscou teve de retirar suas tropas, permitindo a autonomia tchetchena.
O diário "Nezavisimaia Gazeta" disse que "pela primeira vez essa nova guerra lembra os eventos do conflito de 94-96".
A emissora NTV informou que as forças russas, "sobre pressão do Kremlin para obter rápidos progressos na ofensiva", falharam em não fazer uma "operação de limpeza em Argun e Shali", permitindo que estes locais ficassem vulneráveis.
As cidades de Argun e Shali foram os principais alvos da contra-ofensiva tchetchena, que provocou a morte de 26 soldados russos. Ontem, Moscou informou ter reconquistado o controle nos dois locais. Um porta-voz rebelde admitiu a saída das cidades, dizendo que o objetivo não é estabelecer bases, que seriam alvos fáceis.
A guerrilha tchetchena também disse que quebrou o cerco a Grozni, a capital, abrindo um corredor na parte sudoeste da cidade que permite o transporte de armas e suprimentos.
O comandante das tropas russas na Tchetchênia, Vladimir Karantzev, admitiu erros na condução da campanha. Segundo ele, os soldados foram "ingênuos" e permitiram a infiltração de rebeldes em áreas sob domínio russo.
Karantzev disse que a partir de agora todas as pessoas do sexo masculino com idades entre 11 e 60 anos poderão ser detidas para questionamentos.
A guerra, que no começo era dirigida ao combate a supostos terroristas islâmicos, virou uma questão de manutenção da integridade territorial russa e é o principal fator da eleição presidencial, que acontecerá dia 26 de março.
O presidente em exercício, Vladimir Putin, que é candidato, disparou na preferência do eleitorado com os sucessos iniciais da ofensiva. Uma eventual repetição do fracasso militar de 94-96, no entanto, poderia prejudicar sua candidatura.
Mas Putin conta também com a recuperação da economia. Dados do governo russo apontam que o país deve ter registrado um crescimento de 1,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em 99, o primeiro resultado positivo desde 1991. Em 98, o PIB russo apresentou uma contração de 5%.
Apesar disso, o número de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza aumentou em 10 milhões em 99. Cerca de 50 milhões dos 147 milhões de russos se situam nesta faixa.


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