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COMPORTAMENTO
Campanha busca divulgar métodos de contracepção; país realiza 220 mil abortos por ano
Governo tenta reduzir abortos na França
FÁTIMA GIGLIOTTI
de Paris
O governo francês lançou ontem uma campanha nacional de
informação sobre a contracepção,
a primeira realizada no país nos
últimos 20 anos. Um dos principais objetivos é diminuir o alto
número de abortos, 220 mil por
ano, um dos mais altos índices entre os países da Europa.
A campanha foi lançada na semana em que a Lei Vein, que regularizou o aborto na França,
completa 25 anos (a lei entrou em
vigor em 15/1/75). O aborto é permitido até a décima semana de
gravidez, para maiores de 18 anos.
Menores podem fazer aborto desde que haja autorização dos pais.
Outro objetivo da campanha é
diminuir o número de casos de
gravidez indesejada entre as adolescentes francesas, cerca de 10
mil por ano, dos quais 6.500 terminam em aborto. Além disso,
uma pesquisa realizada entre 97 e
98 pelo Comitê Francês de Educação para a Saúde concluiu que
87% das jovens francesas deixam
de utilizar preservativos quando
consideram seu relacionamento
estável e confiam no parceiro.
É por isso que Martine Aubry,
ministra do Trabalho e da Solidariedade, que coordena a campanha, afirma que irá abordar a contracepção como "um espaço de liberdade e de responsabilidade" e
vai dirigir-se mais especificamente ao público jovem.
Os métodos de contracepção
mais usados no país são a pílula
anticoncepcional, o DIU (dispositivo intra-uterino), o preservativo
masculino e a pílula do dia seguinte (leia texto abaixo).
Segundo pesquisa realizada pelo Ined (Instituto Nacional de Estudos Demográficos), em 1994,
70,7% das mulheres entre 20 e 44
anos usavam pelo menos um método de contracepção. É um alto
índice, mas indica que 29,3% das
mulheres que não usam nenhum
método contraceptivo. A campanha, além das jovens, visa esse
atingir essa faixa da população.
A partir de hoje, e pelas próximas três semanas, TVs e rádios
vão veicular informação sobre as
várias formas de evitar a gravidez.
Serão distribuídas ainda 12 milhões de unidades de um guia de
bolso da contracepção, 5 milhões
só em escolas.
Segundo especialistas, o discurso de prevenção da Aids ofuscou
o da contracepção na França, e
nos últimos 20 anos a pesquisa
sobre os métodos para evitar a
gravidez ficou estagnada.
Alfredo Spira, diretor Instituto
Nacional de Saúde e de Pesquisa
Médica, diz que "não se sabe muito sobre a importância da contracepção para as mulheres, sobre
suas necessidades ou sobre as falhas dos métodos utilizados". Por
isso o instituto vai acompanhar
6.000 mulheres por cinco anos
para observar as práticas de contracepção e avaliar os resultados.
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