São Paulo, Quarta-feira, 12 de Janeiro de 2000


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COMPORTAMENTO
Campanha busca divulgar métodos de contracepção; país realiza 220 mil abortos por ano
Governo tenta reduzir abortos na França

FÁTIMA GIGLIOTTI
de Paris

O governo francês lançou ontem uma campanha nacional de informação sobre a contracepção, a primeira realizada no país nos últimos 20 anos. Um dos principais objetivos é diminuir o alto número de abortos, 220 mil por ano, um dos mais altos índices entre os países da Europa.
A campanha foi lançada na semana em que a Lei Vein, que regularizou o aborto na França, completa 25 anos (a lei entrou em vigor em 15/1/75). O aborto é permitido até a décima semana de gravidez, para maiores de 18 anos. Menores podem fazer aborto desde que haja autorização dos pais.
Outro objetivo da campanha é diminuir o número de casos de gravidez indesejada entre as adolescentes francesas, cerca de 10 mil por ano, dos quais 6.500 terminam em aborto. Além disso, uma pesquisa realizada entre 97 e 98 pelo Comitê Francês de Educação para a Saúde concluiu que 87% das jovens francesas deixam de utilizar preservativos quando consideram seu relacionamento estável e confiam no parceiro.
É por isso que Martine Aubry, ministra do Trabalho e da Solidariedade, que coordena a campanha, afirma que irá abordar a contracepção como "um espaço de liberdade e de responsabilidade" e vai dirigir-se mais especificamente ao público jovem.
Os métodos de contracepção mais usados no país são a pílula anticoncepcional, o DIU (dispositivo intra-uterino), o preservativo masculino e a pílula do dia seguinte (leia texto abaixo).
Segundo pesquisa realizada pelo Ined (Instituto Nacional de Estudos Demográficos), em 1994, 70,7% das mulheres entre 20 e 44 anos usavam pelo menos um método de contracepção. É um alto índice, mas indica que 29,3% das mulheres que não usam nenhum método contraceptivo. A campanha, além das jovens, visa esse atingir essa faixa da população.
A partir de hoje, e pelas próximas três semanas, TVs e rádios vão veicular informação sobre as várias formas de evitar a gravidez. Serão distribuídas ainda 12 milhões de unidades de um guia de bolso da contracepção, 5 milhões só em escolas.
Segundo especialistas, o discurso de prevenção da Aids ofuscou o da contracepção na França, e nos últimos 20 anos a pesquisa sobre os métodos para evitar a gravidez ficou estagnada.
Alfredo Spira, diretor Instituto Nacional de Saúde e de Pesquisa Médica, diz que "não se sabe muito sobre a importância da contracepção para as mulheres, sobre suas necessidades ou sobre as falhas dos métodos utilizados". Por isso o instituto vai acompanhar 6.000 mulheres por cinco anos para observar as práticas de contracepção e avaliar os resultados.


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