|
Próximo Texto | Índice
CRISE DIPLOMÁTICA
Presidente promete "denunciar" na cúpula de Monterrey suposto plano da Casa Branca e da oposição venezuelana
Chávez diz que EUA planejam derrubá-lo
DA REDAÇÃO
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse ontem que denunciará na cidade mexicana de
Monterrey, onde governantes latino-americanos iniciam hoje encontro de cúpula, um suposto
complô dos EUA e da oposição
venezuelana para derrubá-lo.
Em seu programa semanal "Alô
Presidente", Chávez disse que os
EUA pretendem acusá-lo de adversário da democracia, caso o
CNE (Conselho Nacional Eleitoral) venezuelano considere inválidas mais de 3,4 milhões de assinaturas que a oposição diz ter coletado para a convocação de um referendo que abreviaria o mandato
presidencial de Chávez.
"Imagino que em Washington
dirão que eu sou um inimigo da
democracia, que Chávez sabotou
o referendo e que portanto vale a
pena afastá-lo", afirmou.
A seu ver, os Estados Unidos
podem até exortar as Forças Armadas venezuelanas a "pegarem
em armas" para o depôr, na medida em que, como inimigo da democracia, isso poderia ser feito
sem maiores problemas. Chávez
também sugeriu que seus opositores poderiam alvejá-lo.
O presidente disse que Washington "prepara o terreno" para
desencadear o roteiro golpista, e
que a prova pode ser encontrada
nas declarações dos últimos dias
de membros do primeiro escalão
do governo norte-americano.
No sábado o presidente venezuelano, em iniciativa que já azedaria um pouco mais as suas relações com os EUA, qualificou Condoleezza Rice de "uma verdadeira
analfabeta". Rice é conselheira em
segurança da Casa Branca e uma
das pessoas de maior prestígio na
assessoria de George W. Bush.
A acusação foi feita em resposta
à declaração de Rice de que Chávez "não exerce um papel construtivo" na América Latina. O venezuelano aconselhou publicamente os Estados Unidos "a não
meterem o nariz" em seu país.
O presidente venezuelano sugeriu que Fidel Castro, ditador de
Cuba, enviasse a Rice brochuras
de um plano de alfabetização implantado na Venezuela, com assistência técnica cubana.
As relações entre Washington e
Caracas são tensas desde a eleição
de Chávez, no final de 1998, e permaneceram eletrizadas em razão
da suspeita venezuelana de que os
EUA participaram, em abril de
2002, da tentativa de golpe de Estado contra o presidente.
Em novembro do ano passado
Chávez disse que suas relações
com os Estados Unidos passavam
por um período de "notável melhoria". Disse também esperar
que cessasse o que designou como "diplomacia de microfones",
pela qual os países passam a se relacionar por meio de acusações
mútuas e declarações apimentadas, reproduzidas pela mídia.
O clima voltou a se deteriorar na
semana passada. O responsável
pela América Latina no Departamento de Estado, Roger Noriega,
criticou as relações estreitas existentes entre Caracas e Havana.
Noriega também insinuou que
Chávez, por seus supostos vínculos com a esquerda "cocalera" da
Bolívia, interferia no sentido da
desestabilização daquele país.
Os EUA também acusaram
Chávez de fechar os olhos para o
possível estabelecimento de células terroristas ligadas a grupos islâmicos na Venezuela e à concessão de documentos venezuelanos
a suspeitos de terrorismo.
Alguns dias depois, Condoleezza Rice criticou as ligações de
Chávez com Fidel e insinuou que
a Venezuela mantinha algumas
formas de cumplicidade com a
guerrilha colombiana.
Chávez enfrenta a possibilidade
de ter seu mandato presidencial
interrompido por um referendo,
hipótese com a qual a oposição
venezuelana trabalha há meses,
num prolongado jogo de desgaste
que paralisa o país.
Condoleezza Rice também criticou o presidente venezuelano
porque ele estaria criando dificuldades para a formalização dessa
consulta popular.
A declaração reforçou a antiga
tese dos chávistas de que os EUA
fazem parte de uma ampla conspiração para derrubá-lo.
"Esse é um problema interno só
dos venezuelanos", disse o presidente, no sábado, em resposta a
Rice. Alguns acreditam que Caracas também procura explorar as
divergências de tonalidade entre
Rice e o secretário de Estado, Colin Powell, que na última quarta-feira foi bem menos agressivo. Ele
declarara que o referendo só deveria ser convocado caso a oposição reunisse a quantidade de assinaturas necessárias".
Com agências internacionais
Próximo Texto: Frases Índice
|