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Israel está perto de seu objetivo, diz Olmert
Forças israelenses mantêm bombardeios e continuam a avançar pela faixa de Gaza, mas gabinete diverge sobre como atingir metas
Reservistas são enviados ao território, e tropas sitiam principais zonas urbanas;
fragmentação do Hamas também dificulta trégua
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A JERUSALÉM
O premiê de Israel, Ehud Olmert, disse ontem que a ofensiva lançada contra o grupo islâmico Hamas está perto de atingir seus objetivos, mas não deu
sinais de que esteja no fim. Ao
mesmo tempo, o Exército enviou o primeiro contingente de
reservistas à faixa de Gaza desde o início da ação, em mais um
indício de que a "terceira fase",
que ampliará a incursão terrestre, pode ser iminente.
As declarações de Olmert
ocorrem em meio a tenso contraste entre o elevado número
de mortos em Gaza -890, segundo fontes palestinas- e a
falta de clareza sobre o que já
foi obtido em duas semanas de
intensos bombardeios. O gabinete israelense, enquanto isso,
permanece dividido sobre a
melhor forma de alcançá-los.
Ontem, no 16º dia de guerra,
Israel apertou o cerco à Cidade
de Gaza, avançando nas margens da principal concentração
urbana do território com apoio
de maciços bombardeios aéreos e navais. Diante de militantes do Hamas e de outro
grupo fundamentalista, o Jihad
Islâmico, os soldados israelenses travaram mais de cinco horas de combates. Ao menos 27
extremistas foram mortos, segundo fontes palestinas.
O movimento de tanques e o
cerco à cidade de Gaza em duas
frentes pode ser o prenúncio de
uma nova fase da guerra, em
que as tropas israelenses ocuparão as áreas urbanas mais
densamente povoadas e os
campos de refugiados.
O Exército confirmou o envio de mais soldados. "Ainda
não estamos falando de números maciços de reservistas, como os que convocamos, mas de
um número limitado para manter nossas operações", disse a
major Avital Leibovitch, porta-voz do Exército. Milhares de
reservistas foram convocados
no início da ofensiva e esperam
a ordem para entrar em ação.
Na reunião do gabinete, Olmert não quis adiantar o próximo estágio, mas deixou claro
que a ofensiva continuará.
"Israel está perto dos objetivos que estabeleceu, mas ainda
são precisos paciência, determinação e esforço para mudar a
realidade de segurança no sul
do país", disse Olmert, que rebateu a pressão internacional
por um cessar-fogo.
"Nós jamais aceitamos que
alguém decida por nós se podemos atacar aqueles que bombardeiam jardins de infância e
jamais aceitaremos no futuro",
disse o premiê. "Nenhuma decisão, presente ou futura, negará nosso direito básico de defender os cidadãos de Israel."
Na sexta, o gabinete israelense
rejeitou uma resolução da ONU
exigindo cessar-fogo imediato.
Indecisão
Com mais de duas semanas
de ataques que destruíram quase toda a infraestrutura de poder do Hamas em Gaza e mataram centenas de militantes, a
questão agora é até onde Israel
irá para considerar a missão
cumprida. Fontes do Exército
já manifestam desconforto
com a indecisão do governo entre partir para uma solução política ou ampliar a ofensiva.
Os esforços diplomáticos, liderados pelo governo egípcio,
por ora ainda não deram resultados concretos. O maior obstáculo é a dificuldade em estabelecer um mecanismo de controle da fronteira de Gaza com
o Egito que impeça o contrabando de armas e o rearmamento do Hamas. Outro problema é garantir uma trégua
com um grupo cujos líderes estão no exílio ou em bunkers.
Até mesmo por essa fragmentação na liderança do Hamas, o próprio Exército israelense admite que dificilmente o
grupo se renderá. Mas afirma
que essa desarticulação aumenta a capacidade do Hamas
em reagir à ação israelense.
"A liderança do Hamas em
Damasco está isolada. Sua liderança em Gaza está paralisada.
E o braço militar está evasivo",
disse o chefe de inteligência das
Forças Armadas israelenses,
Amos Yadlin. Segundo ele, enquanto a cúpula do grupo na Síria defende a continuação da
guerra, a liderança em Gaza dá
sinais de que quer uma trégua.
Ante a crise humanitária em
Gaza e o grande número de civis mortos e feridos, a pressão
para que Israel ponha um fim à
operação é crescente, e não só
na comunidade internacional.
"Duas semanas depois do início
da guerra em Gaza, só há vagos
relatos sobre os sucessos de Israel em danificar a infraestrutura terrorista do Hamas", observou em editorial o "Haaretz", o jornal mais respeitado
do país. "Por outro lado, acumulam-se as estatísticas sobre
os danos causados aos civis."
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