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Obama se projeta como um mediador para "solução justa"
Seu governo pode cumprir papel de "3ª parte em que todos confiem", afirma
Comentários foram os mais aprofundados desde início de ofensiva, mas ele voltou a evitar entrar em detalhes sobre quais são seus planos
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Nas declarações mais aprofundadas sobre a situação em
Gaza em mais de duas semanas
de conflito, o presidente eleito
dos EUA, Barack Obama, disse
ontem que quer "uma solução
justa" para que "tanto Israel
quanto os palestinos alcancem
o que desejam". Ele afirmou
também que "o problema precisa de uma solução imediata,
mediada por uma terceira parte em que todos confiem".
"E acho que, se fizermos as
coisas certas, o governo Obama
pode ser essa terceira parte",
acrescentou.
As afirmações foram feitas
em entrevista à rede de TV
ABC, durante a qual foram
abordadas as críticas domésticas e internacionais sobre seu
silêncio em relação à questão.
Mas, apesar do avanço inédito,
Obama evitou detalhar planos
e voltou a dizer que "não podemos ter dois governos enviando sinais simultaneamente".
Ele afirmou que já estabeleceu uma equipe especial para
lidar com o conflito no Oriente
Médio, que começará a atuar
imediatamente após a posse,
no próximo dia 20. Segundo o
democrata, tanto o presidente
George W. Bush quanto o ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) demoraram demais para
agir vigorosamente na mediação de um acordo de paz.
Obama ofereceu duas vitórias a grupos pró-Israel. Primeiro, ele disse que continua
com a mesma opinião expressada em julho, quando visitou a
cidade de Sderot e disse que "se
alguém jogasse foguetes na casa em que suas filhas dormiam,
faria de tudo para pôr um fim a
isso, e esperaria que Israel fizesse o mesmo". Grupos israelenses têm explorado a fala para tentar se colocar sob a aprovação de Obama.
Depois, sinalizou que não
pretende mudar radicalmente
a política para a região de governos anteriores, que apoiaram uma solução de dois Estados, mas se colocam primeiramente como aliados de Israel.
"Se você olhar não apenas para
o governo Bush mas também
para o que aconteceu durante o
governo Clinton, verá as linhas
gerais de uma abordagem."
Obama afirmou ainda que
trabalhará "com todos os atores" na região. Mas, no único
momento em que citou nominalmente o Hamas, disse que
"o Irã exporta o terrorismo por
meio" do grupo radical palestino. Ele já tinha excluído publicamente a chance de negociações diretas com o Hamas.
Irã
A expectativa é que os planos
de Obama sejam mais detalhados à medida em que o Congresso sabatine nesta semana
os indicados para pastas no
próximo governo - especialmente amanhã, na sabatina de
Hillary Clinton, futura secretária de Estado.
Obama também tratou na
entrevista do Irã, afirmando
que o país "será um de seus
maiores desafios". Anteontem,
o "New York Times" afirmou
que Israel pediu em 2008 armas para atacar instalações nucleares iranianas, mas Bush negou. Em troca, revelou a existência de ações secretas americanas para sabotar o programa
nuclear do Irã.
Obama alertou que ações de
Teerã poderiam gerar uma corrida nuclear, mas manteve a
posição mais branda de que é
preciso maior engajamento diplomático -desde que "(...) haja clareza sobre até onde podemos chegar".
Em outro tema caro a seus
eleitores, Obama disse que "será um desafio" fechar a prisão
de Guantánamo, em Cuba, nos
primeiros cem dias de seu governo, promessa de campanha.
"Mas não quero ser ambíguo:
vamos fechar Guantánamo."
O presidente eleito também
não descartou a possibilidade
de processar agentes da CIA
por crimes cometidos durante
o governo Bush, especialmente
tortura -algo que diz que não
permitirá em seu governo.
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