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Brasil anuncia retorno de embaixador ao Equador
Itamaraty diz que Quito honrou parcelas de dezembro de dívida com o BNDES
Brasília havia convocado o diplomata "para consultas" em novembro, após Correa anunciar recurso a corte de arbitragem internacional
DA REDAÇÃO
O Itamaraty anunciou o retorno do embaixador brasileiro
Antonino Marques Porto ao
Equador. A volta está prevista
para esta semana e foi informada em nota à imprensa. A
Chancelaria brasileira disse ter
recebido de Quito, na quinta-feira, os valores relativos às
parcelas de dezembro do empréstimo de R$ 243 milhões,
feito pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social).
O embaixador estava ausente
de Quito desde novembro,
quando foi "chamado para consultas" -um forte gesto diplomático- em represália ao
anúncio pelo presidente Rafael
Correa de que o país entrara
com recurso na Corte de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional, sediada em
Paris, para contestar a dívida.
O empréstimo com o BNDES
foi feito para financiar a construção da hidrelétrica de San
Francisco, a segunda maior do
país, pela empresa brasileira
Odebrecht. A usina apresentou
problemas numa turbina e
num túnel um ano após iniciar
operação e teve que ser paralisada por quatro meses.
Quito alegou diversas supostas violações do contrato, como
taxas excessivas de juros e
compra de produtos fora do
Brasil. Auditoria da dívida pública equatoriana apontou ainda outras possíveis irregularidades cometidas.
Em outubro, Correa suspendeu quatro contratos da Odebrecht no país e abriu investigação de suas operações -além
de flertar com a nacionalização
de investimentos da Petrobras.
O Brasil reagiu abortando missão oficial ao Equador e cancelando, por tempo indeterminado, projetos de infraestrutura,
como o eixo Manta-Manaus.
Os episódios estremeceram
as relações bilaterais, culminando com a decisão inédita do
Brasil no governo Luiz Inácio
Lula da Silva de convocar um
embaixador. No protocolo diplomático, a medida significa
um rebaixamento da representação oficial -agora revertida.
Após anunciar o recurso à
Corte de Arbitragem e sofrer
represália do Brasil, o Equador
tentou amenizar a crise. O ministro de Setores Estratégicos,
Galo Borja, disse que o país seguiria honrando a dívida até decisão da Corte, o que costuma
demorar mais de um ano.
Segundo o Itamaraty, foi o
que aconteceu. Na nota de anteontem, é dito que o pagamento foi realizado "no âmbito do
Convênio de Créditos Recíprocos (CCR) da Aladi [Associação
Latino-Americana de Integração]". O convênio é um instrumento de cobrança de dívidas
garantidas pelos bancos centrais dos países signatários.
Desde o início do contencioso, o Brasil alegava que um calote da dívida com o BNDES
não seria possível justamente
devido ao CCR e que um desrespeito ao convênio geraria
clima de insegurança aos investimentos e comprometeria a
integração em todo a região.
No encontro das multicúpulas de integração na Costa do
Sauipe (BA), em dezembro, o
chanceler brasileiro, Celso
Amorim, havia falado em acenos de Quito, que obteve apoios
velados de La Paz e Caracas, ao
Brasil para um reatamento.
A nota do Itamaraty diz que o
Brasil "continuará a acompanhar com atenção a evolução de
suas relações econômicas e financeiras com o Equador".
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