São Paulo, terça-feira, 12 de janeiro de 2010

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EUA agora pregam novas sanções ao Irã

Hillary diz que país defenderá restrições contra tomadores de decisão iranianos em encontro com potências nucleares no sábado

Declarações são sinal de esgotamento de política de distensão com Teerã do governo Obama, que não trouxe resultados concretos

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Pela primeira vez desde que o presidente dos EUA, Barack Obama, implantou sua política de distensão em relação ao Irã, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, ameaçou a elite do regime dos aiatolás com sanções econômicas caso Teerã não seja mais transparente quanto ao objetivo de seu programa nuclear.
De acordo com Hillary, o alvo seriam os funcionários do governo iraniano que estão no comando do programa nuclear. Embora não tenha especificado, ela provavelmente se referia à Guarda Revolucionária, apontada por analistas como um poder independente e cada vez mais amplo dentro da estrutura da República Islâmica.
"Está claro que há um grupo relativamente pequeno de tomadores de decisão dentro do Irã", disse ela. "Eles têm relações tanto políticas como comerciais, e se nós pudermos criar uma linha de sanções cujo alvo sejam aqueles que realmente tomam as decisões, achamos que será mais inteligente." Os detalhes ainda têm de ser decididos, afirmou.
A revelação foi feita ontem, durante voo de Washington à base aérea de Travis, na Califórnia, onde a norte-americana fez escala antes de seguir para reunião com colegas de países asiáticos no Havaí, de onde iniciará uma turnê pela Oceania, sua primeira viagem internacional em 2010.
Segundo Hillary, o sinal verde para as sanções ainda não foi dado pela Casa Branca, mas já há consenso no núcleo obamista quanto à necessidade da implantação das medidas. Agora, funcionários do governo estariam procurando seus aliados e outras nações para tentar construir uma coalizão.
"Nós estamos envolvidos muito ativamente na solicitação de ideias de uma vasta gama de países, olhando para o que pode funcionar, o que não pode e o que poderia ter maior impacto em talvez mudar o cálculo estratégico dentro da atual liderança iraniana", afirmou.
O tema deve ser apresentado pelos EUA na próxima reunião do chamado P5 + 1, grupo formado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, EUA, França, Reino Unido e Rússia) mais Alemanha.
O grupo deve se reunir em Nova York no sábado para discutir o programa nuclear iraniano. Ali, segundo Clinton, se "estudará o nível de sanções que devemos anunciar". Não há consenso quanto aos passos que devem ser tomados, com China e Rússia formando o bloco dos reticentes -Moscou e Pequim são céticos em relação à eficácia das sanções.
A política nuclear iraniana já motivou três resoluções do Conselho de Segurança acompanhadas de sanções, mas Teerã não dá mostras de ter diminuído o ritmo de seu programa, que afirma ter fins pacíficos.
Desde que tomou posse, Obama fez uma série de acenos ao Irã, mas não obteve resultado positivo. O país chegou a entrar em negociações para enriquecer seu urânio no exterior, mas não aceitou a proposta final do P5+1.


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